Paraíba

CULTURA POPULAR

Festa de Reis da Mestra Tina ocorre hoje, com Cavalo Marinho como Patrimônio Imaterial da PB

Lei de autoria de Estela Bezerra instituiu 6 de janeiro como o dia Estadual do Cavalo Marinho e Boi de Reis da Pb

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Card: Reprodução

A Festa de Reis da Mestra Tina e Brincantes acontece este ano com um sabor especial. É que recentemente foi instituído o dia Estadual do Cavalo Marinho e Boi de Reis da Paraíba. A partir de agora, a brincadeira será comemorada, anualmente, no dia 6 de janeiro.


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Decretada no último dia 28 de dezembro, a Lei é uma propositura da deputada Estela Bezerra - com articulação do Grupo de Estudos Coco Acauã, e também reconhece o Cavalo Marinho e Boi de Reis da Paraíba como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.


Reprodução / Foto Reprodução


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A Festa de Reis da Mestra Tina e Brincantes ocorre a partir das 17h no local de ensaio dos grupos, no Bairro de Novais (Rua da Alegria, nº 165), com apresentação de um trecho do espetáculo Nordeste Futurista, da artista Luana Flores (a qual não poderá estar presente), com apresentação de Lua Aires e Karla Oliveira. O grupo Frevoada (de frevo, dança e poesia) também irá apresentar um pocket show, e o encerramento ficará por conta da apresentação do Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi. 


Banda Frevoada / Foto Diego Leon.

Patrimônio Cultural Imaterial 

Na capital, o Cavalo Marinho e Boi de Reis também tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial, através de Lei do vereador Marcos Henriques - e articulação de zé Silva e do Grupo de Estudos Coco Acauã - e também instituiu o dia 27 de fevereiro, dia do nascimento de João do Boi, como o dia municipal da brincadeira.


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Nordeste Futurista - Lua Aires e Karla Oliveira / Foto Kio Lima

A Mestra Tina, considera a instituição dessas Leis uma vitória coletiva: “A alegria é imensa de saber que a gente teve mais essa conquista, um reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Cultura Popular, do Cavalo Marinho e do Boi de Reis de João Pessoa, no nosso Bairro dos Novais. E a alegria maior também é de saber que foi uma data bem especial, onde se comemora o dia de Reis, que o meu mestre João do Boi, com as lendas e histórias, disse que representa também o nascimento do Menino Jesus e os três Reis Magos, Belchior, Baltazar e Gaspar, e que representa também a nossa brincadeira dos mestres e contramestres de primeiro Galante, com as suas coroas levando na cabeça e representando esse dia tão importante para a nossa brincadeira. É um momento de festa, de alegria, de comemoração, e de repassar esse divertimento que a gente conseguiu aprender com os mestres que deixaram para a gente”, destaca ela.


Mestra Tina / Foto Reprodução

Mestra multi expressiva

Com uma vida dedicada à Cultura Popular, a Mestra Tina, aos 44 anos, também coordena um grupo de ciranda (Ciranda do Sol), e é contramestra de capoeira do grupo Angola da Comunidade do Mestre Naldinho. Ela também é Conselheira no Forum estadual de Cultura Popular. 

“Eu conheci o cavalo marinho um pouco antes, através do Centro Popular de Cultura. Primeiro, através da minha avó, Nazaré Guedes, e através do Centro Popular de Cultura, eu conheci o Cavalo Marinho Infantil do Mestre João do Boi, no Bairro dos Novais. Em 2005, ele me convidou para ajudar a organizar o grupo, e eu aprendi muitas coisas que ele me ensinou. Após o falecimento dele, no dia 8 de janeiro de 2012, eu passei a herdar o grupo, e estamos aqui brincando e mantendo a tradição”, explica a Mestra.

E a dedicação é exclusiva: “Eu estou com 44 anos e não tive filhos. Meus filhos são brincantes porque eu trabalho com criança desde muito tempo, desde 1997, e de lá para cá, em 2005 é que eu fui fazer parte do cavalo marinho”, complementa ela.

Tradição de Cavalo Marinho e Boi de Reis na Paraíba, hoje


Reprodução / Foto Diógenes Mendonça.

Os grupos de Cavalo Marinho em atividade plena hoje no estado são dois: o Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi da Mestra Tina e Cavalo Marinho Boi de Ouro do Mestre Araújo, da cidade de Pedras de Fogo. Segundo Lua Aires, integrante do Grupo de Estudos e Fomento Coco Acauã, existem também os grupos de Bois de Reis e Reisado que têm muita proximidade à brincadeira do Cavalo Marinho.

Há ainda o Cavalo Marinho de Bayeux do Mestre Zequinha, antigo Matheus do saudoso Mestre Gasosa, que encontra-se em processo de reativação, com um projeto de salvaguarda promovido pelo IPHAN, Seu Nandinho e o Grupo de Estudos Boi da Praça, encabeçados por Arthur Costa e Alan Monteiro. 

"O Cavalo Marinho de Bayeux, fundado por mestre Gasosa, é muito antigo e também é base do Cavalo Marinho de Mestra Tina. Mestre Zequinha aprendeu com Mestre Gasosa sobre cavalo marinho, ficando responsável por segurar a  brincadeira até o dia de sua morte. Agora, a gente também está em processo de reativação do Cavalo Marinho de São Miguel de Taipu, em contato com Mestre Luis. A gente fez uma visita com o grupo Boi da Praça (o Boi da Praça é um grupo de estudos em Cavalo Marinho, coordenado por Alan Monteiro) e o Coco Acauã (Grupo de Estudos e Fomento de Manifestações Populares), brincamos e continuamos em contato com o Mestre Luis. Lá tem brincadores que pararam de brincar. Estamos descobrindo mais e mais nomes pelo estado”, explica Lua Aires.

 

 

 

Edição: Maria Franco