Paraíba

Coluna

O tamanho de Lula 

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Foto Ricardo Stuckert - PT - Foto Ricardo Stucker - PT
Lula torna-se, assim, do tamanho da esperança de um novo mundo para esses povos

A crise da Globalização Neoliberal iniciada nos anos 1990 está evidente. 

O Neoliberalismo como proposta de desenvolvimento do capitalismo surgida nos anos 1980, com Margareth Thatcher e Ronald Reagan substituía o modelo Keynesiano que perdurara na Europa e nos EUA desde o fim da 2° Guerra.

As baixas taxas de crescimento das economias capitalistas centrais a partir de 1972/73 e o colapso com a chamada crise do petróleo a partir de 1979 levaram aos "capitães do mundo” capitalista, em plena guerra fria, abandonarem o paradigma keynesiano, de intervenção do Estado, para uma retomada econômica liberal, onde os mercados pudessem tudo e a iniciativa privada fosse o móvel econômico do desenvolvimento. 

Com a queda da União Soviética e do bloco de países de experiências socialistas na Europa nos anos 1990, de economias fortemente estatizadas, o neoliberalismo avançou sobre o Planeta sem freios.

Privatizar, maximizar lucros, desonerar as empresas privadas e deixar tudo com os mercados se tornou não só o paradigma dominante, mas uma espécie de lei da natureza, de certeza absoluta do que seria o certo e o melhor para o mundo.

As ideias socialistas passaram a ser tratadas como algo morto no século XX, absolutamente ultrapassadas. Até mesmo Keynes que surgira nos anos 1930 como “Salvador do Capitalismo” foi jogado ao lixo, inclusive passou a ser visto como uma espécie de apêndice, de um viés do marxismo. Como um pensamento de esquerda perigoso, autoritário. 

Bem. 40 anos depois a Globalização Neoliberal é um desastre. Reafirmo: um desastre retumbante. Econômico, social, político, cultural e ambiental. Uma leitura desapaixonada constata essas evidências nas economias e sociedades líderes do processo: EUA e Europa.

Do ponto de vista econômico essas nações se arrastam. A rigor, quem puxa o PIB do mundo para cima por duas décadas, é a Ásia, liderada por China e Índia, transformando-se, de longe, na oficina do mundo.

Do ponto de vista social, o desastre é perceptível no centro e na periferia do sistema capitalista. No centro basta citar que o número de miseráveis se multiplicou por 10 nos EUA e aumentou muito na Europa. Na periferia do capitalismo, o que vemos é fome, emigração e guerras.

Em resumo. O mundo capitalista, vitorioso na Guerra Fria, vive uma tremenda agonia socioambiental. Nos últimos quarenta anos batemos recordes e mais recordes na produção de fome e na destruição ambiental. No mesmo período produzimos mais guerras, mais violência e mais desrespeitos à autodeterminação dos povos. 

O Capitalismo Neoliberal age como uma fera acuada, com dificuldades de encontrar saídas.

Nessa altura da vida, sob esse contexto político, econômico e social de enormes dificuldades do Planeta para fazer essa travessia conturbada, Lula se torna o líder da Esperança latino-americana e mundial

É sobre esse contexto histórico que o mundo vivencia duas transições importantes. Na geopolítica e na economia. 

Na geopolítica, estamos saindo de uma ordem de hegemonia unipolar, liderada pelos EUA, com fortes características imperialistas, intervencionistas, para um desenho geopolítico multipolar. Ou seja, com vários polos de influência na economia, política e cultura mundiais. 

Nessa nova ordem geopolítica que se desenha, engana-se quem acha que a China agora será a força hegemônica única que ditará os rumos do mundo como foram os EUA desde a 2° Guerra até aqui. Não é isso que se desenha. Não é isso que a China almeja.

A reação à ordem unipolar, de caráter imperial intervencionista ocorreu, como constatara já nos anos 1990 Éric Hobsbawm, sob vários "modelos" econômicos e políticos. Desde fortes reações nacionalistas com viés ideológico mais a direita conservadora, exemplo da Rússia que se habilita como um desses polos de influencia regional; até reações mais globalistas com forte intervenção estatal na economia, mas com viés ideológico mais à esquerda, tipo China. 

O mais importante e indesejado a ainda hegemônica ordem unipolar estadunidense é a articulação, as alianças políticas, parcerias econômicas, formadas entre essas potências regionais emergentes, resguardando suas diferenças políticas, potencialidades econômicas e suas autodeterminação para definir seus rumos de forma soberana. 

Muito da violência dos EUA, utilizando a OTAN e seus submissos aliados europeus, decorre do receio desse poder quase absoluto que deteve por décadas se diluir entre povos e nações autônomas, soberanas do seu destino, conformando-se em blocos e com lideranças regionais de característica parceira e não dominadora como foi a liderança estadunidense. 

A outra transição que vivenciamos é na esfera econômica. O mundo migra forçadamente para uma economia de baixo carbono. Ou seja, indústria, agropecuária e serviços obrigatoriamente ambientalmente sustentáveis. É um processo acima das vontades e ideologias humanas. Impôs-se por uma necessidade do Planeta. Ou migramos para essa nova economia ou não haverá Planeta Terra habitável para as futuras gerações. 

Pois bem. Nas duas transições, o Brasil é um país chave, fundamental. Na transição a um mundo multipolar, onde as lideranças regionais serão cada vez mais importantes no concerto global, o Brasil é naturalmente o grande líder da América Latina e, ascende como um dos mais importantes líderes do chamado "Sul Global". Por seu tamanho físico, populacional, suas potencialidades ambientais. Mas, sobretudo, por suas características políticas e culturais. O Brasil  se tornou naturalmente, nas relações internacionais, uma espécie de "Pomba da Paz". O país capaz de dialogar com todos e com "moral" para propor caminhos pacíficos e de diálogos para superar as divergências. Tornou-se assim, uma espécie de mensageiro da esperança.

Do ponto de vista da transição a uma "economia verde" (não gosto dessa denominação), digamos assim, a tal indústria 4G, agricultura e serviços ambiental e socialmente sustentáveis,  o Brasil é, naturalmente e automaticamente, um dos países melhor situado no mundo. Pronto para desenvolver ciência e tecnologia sintonizadas com essa nova dinâmica econômica. 

A Engenharia Genética e a Biotecnologia; a produção agrícola sustentável, a chamada economia criativa, da cultura, artes; a economia ecológica, socialmente inclusiva, antirracista, com participação determinante das mulheres e todas as dinâmicas econômicas e sociais  sintonizadas com as necessidades ambientais do futuro do Planeta encontram no Brasil gigantescas possibilidades e um enorme laboratório a céu aberto.

Nesse contexto, o Presidente Lula ascende como intérprete dessas transformações necessárias ao Brasil e ao Planeta. 

É esse o tamanho de Lula. O líder de uma nação chave no concerto global de transição, com visão, sensibilidade, liderança e carisma. Elementos que se personificam na característica, na forma de liderar de Lula. Lula ao tempo que conduz é conduzido por esse sentimento e essa prática vinda dos “de baixo”.

Nessa altura da vida, sob esse contexto político, econômico e social de enormes dificuldades do Planeta para fazer essa travessia conturbada, Lula se torna o líder da Esperança latino-americana e mundial.

Óbvio que realizar essas transições não será obra de uma pessoa, de um país, de um movimento. Serão muito atores, muitas mãos e cérebros. Muitos corações e se exigirá muita sabedoria, paciência, persistência, consciência e luta dos povos organizados de todo o mundo. Mas a liderança pessoa será importantíssima. Sempre é.

Lula encarna hoje os povos da periferia brasileira e mundial. As vítimas da brutalidade e crueldade do neoliberalismo; do colonialismo. Das fomes e guerras por essa miséria liberal produzidas.

Lula torna-se, assim, do tamanho da esperança de um novo mundo para esses povos.

Isso explica as multidões que se acotovelam mundo afora para ver e ouvir o que um popular uruguaio disse nesse 25 de janeiro em Montevideo: "Lula é o líder da Democracia Inclusiva. O que o mundo precisa".

Edição: Cida Alves