Na noite dessa quarta-feira (15) fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, a Sedurb, apreenderam um carrinho com materiais recicláveis durante a passagem do Bloco Muriçocas do Miramar. Na ocasião - a catadora que até agora é conhecida por Desterro - reagiu chorando e gritando pedindo que devolvessem seu carrinho, pois era seu único meio de sobrevivência. Alguns servidores do órgão agiram com truculência, agarrando a mulher e aplicando um “mata-leão”, golpe conhecido por levar suas vítimas ao desmaio, que foi o que ocorreu com a catadora.
Pessoas que estavam no local filmaram toda a ação e um vídeo começou a circular na internet. Na gravação, a catadora pede que a soltem pois não quer perder o filho. As pessoas que estavam no local pedem calma para os fiscais avisando que ela está grávida, mesmo assim, continuam agindo com força e truculência. A Sedurb comunicou que “já instaurou procedimento para ouvir os envolvidos no caso e escutar as justificativas para a conduta”.
A promotora de justiça do Ministério Público da Paraíba, Liana Carvalho, também instaurou um procedimento e oficiou a Sedurb para esclarecimentos. “Recebi o vídeo da catadora que teve seus direitos violados durante o Bloco das Muriçocas do Miramar e entrei em contato com o secretário da pasta. Abri procedimento para que no prazo de 10 dias eles me esclareçam por escrito todo o ocorrido e os fundamentos para eventual responsabilização por parte das promotorias de justiça envolvidas na pauta”, explica a promotora.
O carrinho com o material de trabalho da catadora de recicláveis já foi liberado pelo MP e encontra-se no depósito da Sedurb, no Centro da Capital. A promotora Liana disse que ainda estão tentando identificar e encontrar a catadora. Apenas, de acordo com algumas pessoas que presenciaram o caso, sabe-se que a chamam de Desterro. Quem souber alguma informação a respeito da catadora, pode entrar em contato com o MP-PB ou Sedurb para que ela possa reaver seu carrinho.
Egrinalda Santos, representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, repudiou a forma violenta como a ação foi realizada e disse já estar buscando encontrar a catadora para acolher e apoiar. “Foi um absurdo, um desrespeito, uma covardia, a companheira catadora, que é uma mulher, foi agredida física e moralmente por um órgão público que deveria respeitar e ajudar o trabalhador. Já estamos em contato com grupos e instituições defensoras dos direitos humanos e do trabalho para identificar essa catadora e se solidarizar com ela, buscando também respostas da Prefeitura para que esse ato não fique impune”, afirmou Egrinalda.
Edição: Cida Alves