Neste 8 de março, as mulheres da Paraíba vão às ruas e erguem suas bandeiras com ações de luta para resistir à naturalização do desrespeito à vida e à dignidade das mulheres.
Com o lema ‘Pela vida das Mulheres: abaixo ao Feminicídio, em defesa da Democracia, por Direitos Sociais’, a programação terá início com uma caminhada partindo do Mercado de Mangabeira até a Praça da Paz, com concentração a partir das 14h.
No Mercado, irão ocorrer oficinas de cartazes e de lambe-lambe. A oficina é para produzir cartazes que serão utilizados na caminhada, trazendo conteúdo das lutas feministas, como frases e imagens. A oficina de lambe-lambe conta com a exposição ‘Cara de Feminista’ que traz as fotos de uma sessão especial fotográfica ocorrida na última sexta-feira (3) com a cara das mulheres que fazem parte do movimento.
Estas fotos serão espalhados em formato de lambe-lambe durante todo o trajeto da caminhada do Mercado de Mangabeira até a Praça da Paz, mostrando o rosto das mulheres que constroem o 8 de Março, e com o lema deste ano: ‘Pela vida das Mulheres: abaixo ao Feminicídio, em defesa da Democracia, por Direitos Sociais e Diversidade’.
Na concentração irão ocorrer falas políticas das entidades envolvidas, e conversas com as mulheres trabalhadoras do Mercado de Mangabeira.
Segundo Marina Blank, que integra a organização do evento, é muito importante este 8 de março em particular: “A gente está na construção deste 8 de Março depois de anos que a gente passou, tanto em uma pandemia, quanto em um desgoverno, e tantas dificuldades que a gente teve, principalmente para as mulheres de periferia, mulheres negras e indígenas, perdendo tantos direitos. É importante a gente estar neste 8 de Março com a esperança da Democracia retomada, mas sem esquecer que a gente ainda tem muitas lutas e muitos direitos para retomar”, destaca ela.
Festival Político Cultural
O trajeto será acompanhado da Batucada do Levante Popular da Juventude e do Baque Mulher, saindo da concentração às 15h30 para a Praça da Paz, onde irá ocorrer o ‘Festival Político Cultural Pela Vida das Mulheres 8M 2023’.
“A gente faz o convite para todas as mulheres participarem desde a concentração, este momento que a gente vai ter as oficinas, que vai poder estar lá no Mercado de Mangabeira dialogando com a população, porque a gente não pode concentrar o diálogo só com as mulheres que já estão no movimento - a gente precisa abrir para a população, e por isso a importância da escolha desse lugar. E depois, a caminhada, imagina que movimento lindo, as mulheres ocupando as ruas do Mangabeira até os Bancários, e todas as pessoas que estão ali, tanto nas Avenidas, nos prédios, casas e comércios vendo que as mulheres estão em movimento, a força das mulheres em movimento!”, comenta Marina.
Serão 10 atrações musicais: Gláucia Lima, Cida Alves, Cíntia Peromnia, Madu, Lua Isa & Gel Ventania, Coral Voz Ativa, Heloise Baylão, Lau Capym & Naomi, As Gatunas e Nathália Bellar. Haverá, também, uma performance d’A Casa das Benvenutti.
Feira da Economia Solidária
Também irá ocorrer uma Feira da Economia Solidária, com mulheres produtoras independentes e também de grupos de vários locais de João Pessoa e de outros lugares da Paraíba, como: Feira Preta, Mulheres do Aratu, Lua/Gel Ventania, Coletiva Pachamamá, Mulheres Marisqueiras, AMCO, Literatura Feminina, Movimento Mulheres em Luta e Militudo.
“Este movimento cultural não é só cultural, é também político. A gente entende cultura como política, com diversas apresentações musicais, com performances, trazendo mulheres muito diversas. E a Feira é porque a gente precisa também pensar, dentro da luta das mulheres, destacar a autonomia financeira para que elas possam estar nas lutas”, enfatiza Marina Blank.
Ela destaca o papel das mulheres no enfrentamento ao fascismo que se instalou no país:
“Nós vimos nos últimos anos que as mulheres foram protagonistas no enfrentamento ao fascismo, e só é possível uma revolução se for feminista, porque somos nós as que mais sentem na pele, na carne, o quanto é duro perder direitos, o quanto é dura essa mentalidade conservadora e machista. E o machismo mata; a gente viu os números de feminicídio crescerem absurdamente nos últimos anos”.
E complementa: “Não existe revolução que não pense as mulheres trans, as mulheres negras, indígenas, porque foram as que mais perderam direitos nesses últimos anos com um governo fascista. Não tem como a gente pensar uma luta feminista que não seja interseccional, que não pense raça, classe, territorialidade, religiosidade, porque todas as mulheres sofrem com o machismo, a opressão de gênero, mas não só. A gente tem muitas opressões para pensar, e a gente precisa estar juntas/os nessas lutas para se fortalecer e empoderar todas as mulheres que estiverem neste processo”.
As organizações que constroem a Jornada 8M 2023 são:
CUT, Conselho Municipal da Mulher, Comitê do Bessa, MUDE, MNCR, PSB, Cunhã, Movimento Mulheres em Luta, PT, Movimento Moradia Mãos Dadas, Fórum de Mulheres da UFPB, PSol, Levante Popular da Juventude, Secretaria de Mulheres e da Diversidade Humana, PSTU, Marcha Mundial das Mulheres, UBM, PCdoB, Movimento Olga Benário, Centro da Mulher 8 de Março, REDE Sustentabilidade, Marcha da Negritude Unificada, AMB, Unidade Popular, Coletivo Cabedelo Forte, Movimento Ana Montenegro/ PCB, ADUF e Projeto Liberdade Igualdade Sororidade/ Projeto LIS.
Edição: Polyanna Gomes