Na manhã desta quarta-feira (8) que marca o Dia Internacional da Mulher, foi lançada a 7ª edição da Marcha das Margaridas na Paraíba. O lançamento aconteceu no auditório da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado da Paraíba (Fetag-PB), e contou com a presença de muitas trabalhadoras rurais que estão se mobilizando para participar da marcha que será realizada nos dias 15 e 16 de agosto de 2023, em Brasília.
Ivanete Leandro, agricultora e coordenadora da Secretaria da Mulher da FETAG-PB, fez a leitura da Carta das Margaridas 2023 e pontuou a importância de lançar a Marcha durante uma data tão simbólica como o 8 de março. “Este ano marcharemos com mais força, mais propriedade, mais determinação pela reconstrução do nosso país, pela nossa pauta de mulheres do campo, sabemos que as políticas sociais direcionadas à mulher foi também fruto da marcha. Esse lançamento busca mobilizar todas as trabalhadoras rurais do estado para o momento mais bonito da nossa luta pela causa das mulheres do campo que é a Marcha das Margaridas”, completou.
Estiveram presentes no evento as trabalhadoras e trabalhadores rurais dos polos da Borborema, Sertão e Litoral, e ainda os diversos movimentos sociais, sindicatos, coletivos de juventude e comunicação do estado. A mesa de debate para o lançamento foi composta pelo Presidente da FETAG-PB, Liberalino Ferreira; Cybelle Rocha, representando a Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba; Patrícia Oliveira, representando a deputada estadual, Cida Ramos; Frei Anastácio, da Secretária de Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido, na ocasião também representando o Governador João Azevêdo; Luzenira Linhares, da Secretaria de Mulheres da CUT; Maria do Céu Santana, do Polo da Borborema; Rose Cruz, do Centro da Mulher 8 de março; Heloisa de Souza, da Marcha Mundial das Mulheres; Márcia Dorneles, Presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; Nielza da Silva, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais.
No primeiro momento, as trabalhadoras rurais realizaram uma mística com faixas e cartazes simbolizando os movimentos sociais e pedindo que os direitos das mulheres do campo fossem respeitados. Ao som de cânticos entoados pelas trabalhadoras, o auditório foi contagiado pelas dezenas de vozes de mulheres de todas as idades, cores e vivências. Em seguida, foi apresentado um vídeo sobre a história da Marcha das Margaridas e a assessora jurídica, Geane Lucena, abriu a mesa para falas das representações políticas e sindicais presentes.
“A Marcha representa Margarida, nós somos todas margaridas, se hoje estamos aqui no simbolismo do 8 de março, é porque precisamos discutir a nossa pauta como mulheres do campo, da floresta e das águas. Precisaremos pautar as instâncias governamentais - seja município, estado e federal – trazer nossas demandas, principalmente as de estrutura de acolhimento às mulheres em vulnerabilidade, as mulheres do campo e as que sofrem violências domesticas”, pontuou Geane.
Gerlândia Silva, trabalhadora rural e diretora do Sindicato de São José de Piranhas, no sertão do estado, comentou sobre a importância de reunir tantas mulheres do campo para a mobilização da marcha . “Esse momento é de união, estamos fortalecidas quando estamos juntas e reivindicando nossos direitos, nossas pautas, nossa voz. Eu, como representante de tantas trabalhadoras rurais do alto sertão do estado, sei o quanto é importante ter espaços como esse para dialogarmos e mais ainda numa data tão importante que é o dia 8 e o lançamento da marcha. Estamos aqui hoje pelo único e exclusivo objetivo de defender e lutar pelos direitos de todas as mulheres do campo”, afirmou.
SOBRE A MARCHA DAS MARGARIDAS
A Marcha das Margaridas acontece há mais de 20 anos e é coordenada pela Secretaria Nacional de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), com a participação das 27 Federações e Sindicatos associados. É uma ação estratégica conduzida e protagonizada por mulheres trabalhadoras rurais do campo, da floresta e das águas com a finalidade de construir visibilidade pública e conquistar reconhecimento social e político.
Desde o seu surgimento, no ano 2000, a Marcha das Margaridas tem demonstrado uma grande capacidade de mobilização, tornando-se uma referência nacional de organização e luta das mulheres trabalhadoras rurais, sendo hoje, amplamente reconhecida como a maior e mais efetiva ação das mulheres no Brasil e em toda a América Latina.
A líder sindical rural, Margarida Maria Alves é a principal referência e inspiração da Marcha. Ela lutou pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na Paraíba, sendo presidente do Sindicato em Alagoa Grande por 12 anos. Por lutar pelo direito à terra, a reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, ela foi assassinada por latifundiários do grupo da Várzea, na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983.
Edição: Cida Alves