O Jornal Brasil de Fato Paraíba promove, na próxima quinta-feira (30 ), uma Roda de Diálogo ‘Os desafios da Comunicação Popular na Atual Conjuntura - 05 Anos do Jornal Brasil de Fato PB’. O evento acontece a partir das 17h30, na Praça da Alegria (UFPB).
O encontro será um momento alusivo aos cinco anos de atuação do jornal no estado, através da Redação Paula Oliveira Adissi. O nome é uma homenagem à sua primeira editora, falecida em 2019.
A roda de diálogo é uma realização do jornal em parceria com o Nuseampo (Núcleo de Estudos e Assessoria a Movimentos Populares), núcleo da UFPB que presta assessoria aos movimentos sociais.
“A importância desse debate é para que, na atual conjuntura, onde temos uma imensa difusão e veiculação de mentiras através das Fake News, a gente tenha uma comunicação engajada e popular, com compromisso com a verdade, com os fatos, e de levar para a população - e construir junto com a população - uma comunicação que traga a realidade e a necessidade de transformação da realidade em benefício da melhoria da vida do povo”, descreve Marcos Freitas, coordenador estadual do BdF/PB.
Os movimentos populares mais atuantes confirmaram presença no evento, a exemplo do MST, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), CPT, Ministério Público através do Procurador José Godoy, os sindicatos dos Bancários, dos Correios, a CUT, o Sintep, Sintem, Sintramb, Fetag, além dos colunistas que escrevem no jornal.
A maioria das entidades são parceiras que constroem e contribuíram para que o jornal ficasse de pé durante esses cinco anos, cooperando financeiramente para a existência do jornal.
“A gente escolheu fazer este momento na universidade por entender que precisamos ocupar aquele espaço, que a gente sabe que o espaço da universidade está semrpre em disputa, a população que tem acesso à universidade é aquele que, de certa forma, consegue ter um certo tempo de estudo, mas muitos trabalhadores também a ocupam, e o nosso objetivo é fazer um diálogo e um encontro entre os movimentos sociais que também constroem o Jornal Brasil de Fato, além de levar este debate para as turmas de comunicação”, explica Marquinhos.
Para José Godoy, Procurador da República - PB, a comunicação popular vem sendo o único caminho - e o grande caminho - para a transmissão das pautas importantes para o povo:
“No momento que a grande mídia tem servido como porta voz dos interesses do capital, defendendo coisas absurdas como altíssimas taxas de juros, taxa SELIC, a diminuição, ou cada vez mais a desidratação de programas sociais e de gastos sociais, entre outras pautas que interessam ao grande capital, a comunicação popular vem sendo o único caminho e o grande caminho, a grande correia de transmissão entre essas pautas importantes, como a reforma agrária, educação de qualidade, saúde de qualidade, gastos públicos de interesse social e a massa do trabalhadores. É um papel essencial que nós temos. Este é o principal papel, e sem ele nós teríamos cada vez mais as Fake News da extrema direita, e do outro lado, a desinformação trabalhada pela grande mídia, especialmente nessas pautas de interesse dos trabalhadores e da população brasileira. Sem a comunicação social nós estaríamos numa situação muito mais difícil, então este é um trabalho essencial desenvolvido pelo Brasil de Fato, dentre outros portais, que fazem o papel essencial na luta por informação de qualidade", comenta ele.
Surgimento BDF/PB
Em princípio, o Jornal Brasil de Fato PB surgiu tendo como carro-chefe a edição impressa do jornal. O seu lançamento aconteceu no dia 10 de março de 2018, na capital.
A produção prioritária era a versão impressa, em formato tablóide, numa tiragem de 10 mil jornais mensais, que eram distribuídos junto aos sindicatos e órgãos públicos, além da distribuição in loco na CBTU da cidade. Uma parte da produção também era enviada para as cidades do interior.
Paralelo a isso, a equipe da redação fazia a alimentação do site com notícias cotidianas, numa proposta factual, cobrindo pautas, principalmente, dos movimentos sociais e sindicatos.
No entanto, com a chegada da pandemia, a equipe teve de suspender o jornal impresso e focar na produção do site e redes sociais. Ainda durante a pandemia deram início a um projeto, um programa de rádio chamado ‘Paraíba de Fato’, produzindo matérias para radiodifusão. O projeto durou dois anos, e era veiculado aos sábados de manhã, na Rádio Mangabeira Am. “Este projeto contribuiu muito para uma ampliação momentânea da nossa redação e foi bastante importante para que a gente conseguisse ampliar o nosso trabalho”, destaca Marquinhos.
O jornal também atua com textos de diversos colunistas, abrindo espaço para que segmentos da sociedade divulguem suas opiniões, sejam de movimentos sociais, partidos, grupos, coletivos, ou textos individuais.
“As colunas são de opinião, então temos uma coluna muito importante como a do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) da UFPB; temos a coluna ‘FomeRI, que é um grupo de pesquisa do curso de Relações Internacionais da UFPB que estuda a fome e as relações internacionais. Também há a Coletiva Pachamamá, que é um grupo de mães reunidas politicamente. Estas colunas são coletivas, o que é uma outra inovação do Brasil de Fato PB, pois uma coluna coletiva não é só um autor que se responsabiliza pela escrita, mas uma série de autores que vão se revezando para escrever sobre aquele tema”, conta Marquinhos.
Outra experiência foi o programa ‘Prosas e Entrevistas’, que acontecia semanalmente, no período da pandemia, onde muitas iniciativas parecidas eclodiram. O programa, no entanto, não continuou pela escassez de estrutura.
Outra iniciativa foi o ‘Hora da Comunidade', no formato ‘rádio no zap’, que buscava traduzir temas mais complexos para o público que acessa a informação apenas a partir do WhatsApp.
A redação hoje conta com Marcos Freitas na Coordenação e Administração, Heloísa de Sousa (editora-chefe), e Pollyana Gomes e Cida Alves (repórteres).
Parcerias e Cursos
Diversos convites para realização de cursos em parceria foram feitos ao jornal. Um deles foi o curso ‘Racismo Estrutural’, veiculado pelo canal YouTube, com ampla adesão, tanto nas inscrições para o evento, como nas visualizações dos vídeos. Outro curso foi através de uma parceria com o Levante Popular da Juventude, um curso com a mesma temática do racismo no Brasil, intitulado ‘Papo Reto’.
Uma comunicação Popular
Segundo Heloísa de Sousa, editora do Jornal Brasil de Fato PB, o jornal assume grande importância estadual porque dá voz e espaço às reivindicações do povo:
“A importância do Jornal Brasil de Fato é muito grande, principalmente porque o jornal aborda as pautas ligadas às mobilizações populares na Paraíba. Esta diferença contribui bastante para que as pessoas conheçam o outro lado, a luta por moradia, por terra, pela Reforma Agrária, pela educação, juventude, a luta das mulheres, e dos diversos feminismos. Esta visão é ligada a partir dos movimentos sociais populares, mostrando a diferença e a importância desse instrumento na Paraíba. Ele está completando cinco anos no estado, mas já existia há 20 anos nacionalmente. É um instrumento que estava faltando na Paraíba e no Brasil, e veio ocupar esse lugar com uma visão de esquerda, uma visão popular do que acontece aqui no estado, dando voz, dando espaço às lutas e as reivindicações do povo”, reflete ela.
A estudante Regina Carneiro considera o Jornal Brasil de Fato um veículo de resistência: “A comunicação e o jornalismo se mostraram o grande termômetro da nossa sociedade. Precisamos de notícia de qualidade, preocupada com a verdade, mas principalmente que fale do nosso povo, a partir do nosso povo. E o Jornal Brasil de Fato tem feito esse papel”.
Para Marcos Freitas, o jornal desafia as pautas convencionais e o poder econômico: “Muitas vezes, o Brasil de Fato dá voz a pessoas ou situações que nenhum outro veículo se desafia a fazer. Cito como exemplo uma matéria que é emblemática nesse sentido. Em 2020, uma mãe de família sofreu um despejo ilegal por parte de uma empresa de construção civil chamada JMS. Esta empresa demoliu e retirou todos os móveis de dentro da casa dela, e o MTD estava acompanhando a situação e acionou o Brasil de Fato. Um dos sócios dessa empresa era o Alexandre Jubert, que fazia parte do Sistema Correio de Comunicação, e por causa deste poder, nenhum veículo, de certa forma, pautou essa situação, apenas o Jornal Brasil de Fato o fez. Aquele foi um grito de uma mãe de família. Então, eu acho que o jornal cumpre essas vozes das lutas, principalmente das lutas do povo paraibano, dos movimentos sociais e sindicais”, conclui ele.
Campanha de Arrecadação
O Jornal Brasil de Fato é financiado exclusivamente pelos movimentos sociais e sindicais. Com a crise econômica vigente, as dificuldades são sempre presentes, e é por isso que o jornal deu início a uma campanha de arrecadação emergencial para a sua manutenção . “Vamos disponibilizar um PIX para que o pessoal que apoia o Jornal Brasil de Fato possa contribuir com e nos ajudar a manter essa redação de luta”, comenta Marquinhos.
Campanha: Apoie o BdF | Chave PIX CNPJ: 40.705.206/0001-31 - Marcos Antonio Freitas
Whatsapp. (83)99110-4041
Site: www.brasildefatopb.com.b
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Edição: Polyanna Gomes