A Juventude do Campo Unitário esteve em Brasília para debater e mostrar os desafios da juventude para o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, uma iniciativa do governo federal para promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão produtiva dos jovens rurais.
A reunião contou com uma análise de conjuntura política que tratou desde o golpe de 2016 até a diminuição do Estado e agenda neoliberal desses últimos quatro anos do governo Bolsonaro. Os jovens ainda debateram o desmonte da educação, da saúde (com mais de 700 mil mortos pela Covid-19), o aumento da fome e o genocídio dos povos Yanomamis.
Dentre as demandas apresentadas, a Juventude do Campo trouxe a necessidade de aumentar o investimento social para reerguer a economia e estruturar o Estado brasileiro; além da importância de colocar na centralidade a defesa da democracia para derrotar o bolsonarismo nas ruas e travar a batalha das ideias.
Outro ponto levado como emergencial para sair da crise e combater a fome, foi o fortalecimento da agricultura familiar camponesa a partir da produção de alimentos saudáveis e de medidas como assentar as famílias que estão em acampamentos; Crédito Emergencial; Desenvolvimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Políticas Públicas; e a construção de moradias populares.
"Tiramos bons encaminhamentos da reunião. O governo se apresentou sensível ao tocar na pauta da juventude do campo e a construir um plano que nos possibilite geração de renda, inclusão digital, educação, cultura, portanto, construção de uma vida digna para a juventude camponesa. Contudo, as organizações precisam estarem vigilantes e mobilizadas, para o plano avançar na sua atualização e, sobretudo, na sua materialidade", pontuou Paulo Romário, integrante da juventude do campo paraibana.
Para contribuir na relação do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural e do campo unitário, estiveram presentes Raquel Rizzi e o Leonardo Taveira, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário; além de Luiza Dulci, atualmente da Secretaria Geral da Presidência, todos foram responsáveis por construir o Plano entre 2015 e 2016. Estiveram presentes também Ronald Sorriso e Bruna Paola, da coordenação geral de articulação social das juventude.
Outros encaminhamentos da reunião implicam na criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para o Plano, entendendo a necessidade da sociedade civil estar presente no GTI a ser lançado em abril. Também se pensou a construção de uma agenda da Juventude do Campo Unitário com os ministros Márcio Macedo, Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, e Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Foi também discutido a proposta de lançar o plano atualizado em agosto, na semana da juventude e, mobilizar a participação da Juventude do Campo Unitário no Conselho Nacional da Juventude, o CONJUVE.
O que é o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural?
O Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural tem como objetivos fortalecer a educação e a formação profissional dos jovens rurais, ampliar o acesso ao crédito, à assistência técnica e à inovação tecnológica; estimular a participação social e política dos jovens rurais; incentivar a sucessão familiar e a permanência dos jovens no campo. Ele foi consequência de um grande processo de articulação da juventude do Campo, das Águas e das Florestas e pesquisadores. Em 3 de maio de 2016, a Presidenta em vigência, Dilma Roussef, decretou a instituição do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural. Porém, em 24 de agosto de 2020, o presidente em vigência, Jair Bolsonaro, revogou esse decreto extinguindo o Plano e transformando ele em PL.
"A notícia da revogação do plano mexeu comigo, foi mais uma entre tantas violências e desmontes. Toda a construção foi participativa e envolveu diretamente as entidades que lutam pela reforma agrária, pela agricultura familiar e pelos povos e comunidades tradicionais no Brasil: sindicalistas da Contag e Contraf-Brasil, integrantes do MST, pequenos agricultores do MPA, jovens da Pastoral da Juventude Rural, camponesas do MMC, extrativistas do CNS, atingidos por barragens do MAB, indígenas da Apib, quilombolas da Conaq e diversas entidades de atuação regional, em especial da região Nordeste", afirmou Luiza, militante da JPT. Com essa reunião, a juventude do campo unitário reativa os debates e põe em análise uma atualização desse plano para cuidar e apoiar os jovens do campo.
“Chegamos ao entendimento da necessidade de atualizar o Plano e de dar a ele uma caracterização de abordar os desafios da juventude do Campo, das Águas e das Florestas em 2023. Entendemos que existem eixos centrais: questão ambiental, educação, cultura, comunicação, terra e a produção de alimentos saudáveis”, afirmou Paulo Romário.
*Com informações e atualizações do MST Nacional
Edição: Cida Alves