por Sofia Isbelo*
Que Bruno Cunha Lima é o pior prefeito da história de Campina Grande, é um fato inegável. O que não sabíamos ser humanamente possível é de que ele, do alto de uma gestão pública esfacelada e a opinião pública negativa, ainda teria coragem de apresentar um Projeto de Lei para endividar os cofres públicos em U$52 milhões de dólares (aproximadamente 280 milhões de reais, na conversão atual) sem justificativa plausível alguma.
Durante os últimos pouco mais de dois anos de gestão, presenciamos um prefeito que brinca com a vida da população campinense e se ausenta de quaisquer iniciativas que visem o bem estar do povo em situação vulnerável, enquanto utiliza o dinheiro público para construir um projeto de sociedade elitista, branco e cada vez mais desigual. É só prestar atenção no quanto de nosso dinheiro foi utilizado para celebrar o “Carnaval da Paz” enquanto o prefeito fechou os olhos para as cozinhas solidárias, transportes coletivos e mobilidade urbana, se ausentou de construir um plano diretor com participação social… a lista dessa ausência de políticas públicas de justiça social é incrivelmente extensa.
Para Bruno Cunha Lima, que se elegeu muito mais pelo sobrenome que por trajetória política sólida e bem referenciada, seus maiores feitos históricos se valem de construções de pontes, anúncio criticado inclusive por seus (até então) apoiadores; quanto ao desemprego avassalador, problemas de moradia, de insegurança alimentar e de acesso à saúde e educação, nunca vemos respostas concretas de sua gestão.
É por isso que quando o mesmo apresentou a proposta de um empréstimo de quase 280 milhões de reais em caráter de urgência - algo que afeta a gestão pública da cidade por pelo menos quinze anos - nos posicionamos para apresentar para população campinense que isso é mais do que absurdo, é inadmissível! Infelizmente, ainda tivemos que presenciar a desagradável votação da Câmara dos Vereadores, que aprovou o empréstimo para endividar Campina Grande sem responsabilidade nenhuma com seu povo.
Durante a sessão que aprovou o empréstimo, diversos jovens se manifestaram contra o endividamento. Foto: Sofia Isbelo
Hoje (4), a casa do povo de Campina Grande demonstrou tudo, menos ser do povo. Encontramos a Câmara de portas fechadas e, com auxílio da Guarda Municipal, de empresas privadas de segurança e da própria Polícia Militar, foi impedida a entrada de toda a população que lá se encontrava, inclusive de próprios funcionários da Câmara, com a justificativa de que o plenário estava lotado. Por 16 votos a 6, e com um circo montado com "apoiadores" convocados de forma obrigatória a apoiar o prefeito e com cartazes comprados, hoje Campina Grande se viu num espetáculo de mentiras. Enquanto os cartazes diziam "o povo quer obra", sabemos que Bruno Cunha Lima não apresentou uma proposta concreta para o empréstimo... as obras ficaram nos cartazes, mas não na política.
Diante de todo esse teatro, nos resta a pergunta de como um prefeito tem a capacidade de odiar tanto a própria cidade e nos organizarmos coletivamente para lutar para que a história não se repita e o resultado seja tragédia. Mais do que nunca, agora é hora de unirmos forças para que “Cunha Lima Nunca Mais” se transforme de palavra de ordem em realidade concreta.
*Sofia Isbelo é militante do Levante Popular da Juventude, do Movimento Brasil Popular e atualmente estuda Comunicação Social na Universidade Federal de Campina Grande.
Edição: Cida Alves