Paraíba

ABRIL DE LUTAS

MST/PB inicia Jornada Nacional de Lutas com Marcha em defesa da Reforma Agrária, em 16 e 17 abr

Jornada acontece desde 1997, e este ano marca os 27 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Card: Reprodução

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Paraíba (MST/PB) estará realizando nos dias 16 e 17 de abril uma marcha, com saída do distrito de Mata Redonda, município de Alhandra, à João Pessoa para celebrar a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, ano 2023. Na  Paraíba, são 22 acampamentos e 2.506 famílias aguardando regularização pelo INCRA das terras ocupadas.

A Marcha faz parte do calendário da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. Segundo Gilmar Felipe, coordenador do MST na Paraíba, são alguns objetivos centrais: o primeiro é a reivindicação por orçamentos e recursos para executar a política de Reforma Agrária, e cobrar que estes sejam investidos nas famílias assentadas, a exemplo da política de crédito e moradia.

E o segundo objetivo é destacar o processo de produção de alimentos, através da Reforma Agrária, na luta contra a fome do povo brasileiro.

"No momento atual, o Brasil tem milhares ou milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome, então a Reforma Agrária ganha centralidade naquilo que se refere à luta contra a fome", destaca Gilmar.

Além disso, a Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária 2023, que acontece desde 1997, este ano vem marcar os 27 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás. Em memória e justiça contra a ação violenta da Polícia Militar do Pará, ocorrida em 17 de abril de 1996, com força de repressão a uma marcha Sem Terra, que culminou com o assassinato de 21 trabalhadores rurais e deixou outras 69 pessoas mutiladas.

Este ano, o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra traz para a Jornada o lema 'Contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente'

As mobilizações marcam a luta pela Reforma Agrária Popular, com diversas atividades, como atos políticos, ações de solidariedade, celebrações inter- religiosas, manifestações de massa, marchas e ocupações de terra. Com atividades previstas ao longo do mês de abril, as ações denunciam a concentração fundiária, os latifúndios improdutivos e as áreas do agronegócio que cometem crimes trabalhistas e ambientais, descumprindo a função social da terra.

"É preciso que a sociedade defenda a Reforma Agrária com afinco para que a gente tenha força política e ideológica para defender a Reforma Agrária visando produzir alimento para matar a fome do povo brasileiro", afirma Gilmar Felipe.

Segundo ele, após seis anos de abandono e hostilidade à luta pela terra por parte do governo de extrema-direita anterior, "precisamos mobilizar as famílias no objetivo de resolver o problema das famílias acampadas, pois há acampamentos de 20,15,10 anos, e faz seis anos que está tudo parado".

Na pauta, estarão também reivindicando o cadastro das famílias acampadas e, junto com a demanda, um cronograma para assentar as famílias.

"Para as 3.280 famílias assentadas, espalhadas em nossos 66 assentamentos, cobramos do governo políticas públicas para a produção nessas áreas, bem como crédito, compras públicas, cooperação, industrialização e comercialização para aumentar a produção de alimentos e combater a fome no país", salienta ele.

O movimento se diz alinhado à agenda do presidente Lula para colocar centralidade no combate à fome e à pobreza no país, com atenção à população em situação de vulnerabilidade, além da política de produção de alimentos de qualidade e políticas sociais de renda.

"É necessário recolocar a Reforma Agrária para a sociedade como uma questão estratégica, para a gente resolver a fome através da produção de alimentos. E só produz alimentos se a gente desapropriar o latifúndio, se a gente enfrentar a propriedade privada da terra, e só assim a gente vai ter um processo massivo de produção de alimentos,  acrescentando também a alimentação saudável".

Durante a pandemia, o MST priorizou as ações de solidariedade, doou mais de 8,5 mil toneladas de alimentos e 2,5 milhões de marmitas para pessoas e famílias inteiras em situação de fome e insegurança alimentar em todas as regiões do país.

"Só quem produz alimento saudável é a agricultura familiar camponesa, os assentamentos de Reforma Agrária, e esta é a pauta central para esse momento histórico, e a nossa marcha vai estar em campo", afirma Gilmar.

 

 


 

Edição: Polyanna Gomes