Paraíba

DESPEJO IMORAL

Famílias recebem Ordem de Reintegração de Posse de casa abandonada em pleno período das chuvas

Oito famílias que ocupam uma casa na Avenida João Machado receberam ordem de desocupação até sexta-feira (28)

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
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Em pleno período de chuvas, o Tribunal de Justiça da Paraíba resolveu expedir uma liminar de reintegração de posse para moradores de uma casa abandonada na Av. João Machado, centro da capital.

A casa é a denominada Organização das Voluntárias, que já está há anos abandonada. Um conjunto de famílias anteriormente a ocupou, mas as famílias presentes atualmente receberam este problema no lugar daquelas famílias predecessoras.


Reprodução / Foto Reprodução

Há cerca de uma semana, um oficial de justiça esteve presente na casa e determinou o prazo de 12 dias para a desocupação do espaço.

“Este prazo não existe na prática porque as famílias não receberam notificação, o processo não correu . O nome que tem no processo é o nome de outras famílias que aqui já estiveram quando estava abandonada”, comenta Gleyson Melo, coordenador do Movimento dos Trabalhadores por Direitos na Paraíba (MTD-PB).


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O oficial de justiça retornou na última segunda-feira (24) para reafirmar o prazo de despejo para a próxima sexta-feira (28).

“As famílias não podem ficar na rua… são oito famílias com muitas crianças e tem gestante de cinco meses. Fazemos a denúncia e pedimos a solidariedade de quem puder se fazer presente para garantir que as famílias não sejam jogadas na rua”, destaca Gleyson.

O texto do ordem de despejo afirma que as famílias furtaram objetos e partes da infraestrutura. No entanto, elas alegam que, quando entraram, a casa já se encontrava em condições de abandono.

Campanha por alimentos

As famílias estão em condições de vulnerabilidade e pedem ajuda  inclusive com gêneros alimentícios:

“Meu nome é Renata, moro aqui na ocupação desde novembro, tenho quatro filhos, vivo do bolsa família, não tenho dinheiro para pagar aluguel. Inclusive estou precisando de alimento, meus meninos são tudo pequeno e sou eu sozinha para tudo. Estão tentando tirar a gente, mas a gente não tem para onde ir, e é muita chuva, então como é que faz? Eu vou para o meio da rua com as crianças? Não tem como”, conta Renata, uma das integrantes da ocupação.


Renata - Integrante da Ocupação / Foto Reprodução

O movimento dos trabalhadores por direitos está acompanhando a situação e faz um apelo para quem puder estar presente nessa sexta-feira, pela manhã, para apoiar as famílias e mostrar resistência a essa ordem de desocupação desumana e ilegal. O MTD também pede para levarem gêneros alimentícios: “As famílias precisam de alimentos, roupas, calçados, material de higiene e limpeza, fraldas, principalmente leite e biscoito, essas coisas que criança gosta porque, às vezes, o pessoal doa só arroz e feijão, mas a criança quer comer um biscoito, e pedir a solidariedade e apoio de todos nessa luta pelo direito à moradia e o direito de viver dignamente”, comenta Gleyson Melo.

Leia aqui o processo:

 


 

Edição: Cida Alves