Em pleno período de chuvas, o Tribunal de Justiça da Paraíba resolveu expedir uma liminar de reintegração de posse para moradores de uma casa abandonada na Av. João Machado, centro da capital.
A casa é a denominada Organização das Voluntárias, que já está há anos abandonada. Um conjunto de famílias anteriormente a ocupou, mas as famílias presentes atualmente receberam este problema no lugar daquelas famílias predecessoras.
Há cerca de uma semana, um oficial de justiça esteve presente na casa e determinou o prazo de 12 dias para a desocupação do espaço.
“Este prazo não existe na prática porque as famílias não receberam notificação, o processo não correu . O nome que tem no processo é o nome de outras famílias que aqui já estiveram quando estava abandonada”, comenta Gleyson Melo, coordenador do Movimento dos Trabalhadores por Direitos na Paraíba (MTD-PB).
O oficial de justiça retornou na última segunda-feira (24) para reafirmar o prazo de despejo para a próxima sexta-feira (28).
“As famílias não podem ficar na rua… são oito famílias com muitas crianças e tem gestante de cinco meses. Fazemos a denúncia e pedimos a solidariedade de quem puder se fazer presente para garantir que as famílias não sejam jogadas na rua”, destaca Gleyson.
O texto do ordem de despejo afirma que as famílias furtaram objetos e partes da infraestrutura. No entanto, elas alegam que, quando entraram, a casa já se encontrava em condições de abandono.
Campanha por alimentos
As famílias estão em condições de vulnerabilidade e pedem ajuda inclusive com gêneros alimentícios:
“Meu nome é Renata, moro aqui na ocupação desde novembro, tenho quatro filhos, vivo do bolsa família, não tenho dinheiro para pagar aluguel. Inclusive estou precisando de alimento, meus meninos são tudo pequeno e sou eu sozinha para tudo. Estão tentando tirar a gente, mas a gente não tem para onde ir, e é muita chuva, então como é que faz? Eu vou para o meio da rua com as crianças? Não tem como”, conta Renata, uma das integrantes da ocupação.
O movimento dos trabalhadores por direitos está acompanhando a situação e faz um apelo para quem puder estar presente nessa sexta-feira, pela manhã, para apoiar as famílias e mostrar resistência a essa ordem de desocupação desumana e ilegal. O MTD também pede para levarem gêneros alimentícios: “As famílias precisam de alimentos, roupas, calçados, material de higiene e limpeza, fraldas, principalmente leite e biscoito, essas coisas que criança gosta porque, às vezes, o pessoal doa só arroz e feijão, mas a criança quer comer um biscoito, e pedir a solidariedade e apoio de todos nessa luta pelo direito à moradia e o direito de viver dignamente”, comenta Gleyson Melo.
Leia aqui o processo:
Edição: Cida Alves