O Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação irá lançar, no próximo dia 3 de maio, em João Pessoa, o relatório da pesquisa ‘O corpo é nosso: a cobertura da mídia tradicional e da religiosa sobre direitos sexuais e reprodutivos’, que integra o projeto Vozes Silenciadas, coleção produzida pelo Intervozes desde 2010. O lançamento será realizado no CCTA, UFPB, às 9h.
A pesquisa abrange três períodos distintos, marcados por três episódios relacionados à temática do aborto. São eles: as audiências da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, tema analisado de 1º a 10 de agosto de 2018; o caso de uma menina estuprada e impedida de abortar no Espírito Santo, analisado de 11 a 20 de agosto de 2020; e a publicação das portarias 2.282/2020 e 2.561/2020, do Ministério da Saúde, com novas regras para o aborto, analisada de 28 de agosto a 1º de setembro e de 24 a 28 de setembro de 2020.
A gente quer mostrar quais perspectivas são visibilizadas e que vozes são silenciadas
O choque com o caso da garota capixaba (seu nome foi suprimido, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente), as violações de direitos sofridas pela criança, juntamente com uma preocupação do Coletivo com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e sua relação com a Comunicação motivaram o desenvolvimento desta edição do Vozes Silenciadas.
Mônica Mourão, professora do Departamento de Comunicação da UFRN, pesquisadora da publicação ‘O corpo é nosso’ e integrante do Intervozes, explica que a pesquisa auxilia no debate do tema no âmbito social.
“Esta pesquisa nos ajuda a compreender como é que, tanto a imprensa tradicional como a mídia religiosa abordam o tema do aborto. A gente sabe que é um tema tabu na sociedade, mas nossa defesa é de que não precisa, que a gente pode falar disso perspectiva da saúde pública e do direito e da autonomia das mulheres”.
O Intervozes vem realizando uma série de análises, desde 2011, com diversos outros temas através do projeto Vozes Silenciadas.
“O Coletivo Intervozes segue fazendo esse tipo de cobertura porque, na nossa perspectiva, compreender a abordagem da mídia sobre determinados temas é muito importante para fazer a disputa de ideias e valores na sociedade, e para a gente conseguir mostrar quais perspectivas são visibilizadas, que vozes são silenciadas - para pegar o próprio título da coleção”, destaca Mônica.
“A gente escolheu três períodos para analisar. O primeiro período se refere à época em que estavam sendo realizadas Audiências Públicas para discutir a ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF - 442) de Descriminalização do Aborto. O segundo é sobre o caso da menina capixaba, de 10 anos. E o terceiro caso é posterior a este caso, que foi quando o governo Bolsonaro lançou uma portaria para estabelecer que os profissionais de saúde deveriam sugerir que a mulher que procura Aborto Legal visse imagens do embrião ou do feto”, descreve ela.
Para debater o tema, foram convidadas: as coordenadoras da pesquisa do Intervozes, Mônica Mourão e Olívia Bandeira, além de Glória Rabay, professora do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas da UFPB; Jô Pontes, jornalista e integrante da Cunhã - Coletivo Feminista Mabel Dias, jornalista e associada ao Intervozes.
Abrangência da pesquisa
Em agosto de 2020, o caso de uma menina negra de dez anos, grávida como resultado de um estupro, e que sofria violência sexual desde os seis, ganhou a esfera pública por meio dos noticiários.
O choque com esse caso e as violações de direitos sofridas pela criança, junto com uma preocupação que o Intervozes, por meio da Setorial de Mulheres, já tinha em relação aos direitos sexuais e direitos reprodutivos e sua relação com a comunicação, motivou o desenvolvimento desta edição do Vozes Silenciadas, coleção produzida pelo Intervozes desde 2011.
Esta pesquisa abrange três períodos distintos, marcados por três episódios relacionados à temática do aborto. São eles: as audiências da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, tema analisado de 1º a 10 de agosto de 2018; o caso da criança estuprada e impedida de abortar no Espírito Santo, analisado de 11 a 20 de agosto de 2020; e a publicação das portarias 2.282/2020 e 2.561/2020, do Ministério da Saúde, com novas regras para o aborto, analisada de 28 de agosto a 1º de setembro e de 24 a 28 de setembro de 2020.
Embora esses episódios sejam os centrais para este estudo, o corpus de análise inclui outros temas relacionados ao aborto trabalhados em cada período.
O corpus da pesquisa abrange três telejornais (Jornal Nacional, Jornal da Record e SBT Brasil), uma agência pública de notícias (Agência Brasil), três jornais impressos, em suas versões on-line (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo) e dois sites religiosos (o católico Canção Nova e o evangélico Gospel Mais). No total, o corpus é composto de 409 matérias publicadas nos nove veículos.
Leia a pesquisa completa no link abaixo. As demais tabelas e gráficos sobre os dados levantados na pesquisa estão disponíveis neste link.
Edição: Cida Alves