Paraíba

MOBILIDADE URBANA

Frota de transporte coletivo de João Pessoa está velha, conforme levantamento da NTU/2022

Capital paraibana tem veículos com idade média de 11 anos; nacionalmente, o mesmo índice é de seis anos

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Nova frota de ônibus - Foto: Prefeitura de João Pessoa

O serviço de transporte coletivo de João Pessoa tem sido alvo de muitas reclamações nas redes sociais por parte dos usuários.

Em março deste ano, a passagem aumentou de R$ 4,40 para R$  4,70. Na ocasião do aumento, o superintendente de Mobilidade Urbana e presidente do CMMU (Conselho Municipal de Mobilidade Urbana), Expedito Filho, afirmou: “Esse é o nosso principal objetivo, melhorar a qualidade do transporte público para os usuários do serviço”.

No entanto, a população pessoense vem demonstrando indignação por conta da qualidade do serviço na capital. 

Sucateamento das unidades, superlotação, sujeira, bancos e corrimões quebrados, frotas reduzidas - principalmente após às 21h - e falta de segurança são alguns dos itens elencados.

"Se você dá R$ 5,00, eles não devolvem o troco, alegam que não tem"

“Quem precisa usar esse "sistema" de transporte à noite, tá LASCADO, a palavra é essa mesmo... pois os horários são muito LIMITADOS, não há quase onibus, e antes da meia noite já não tem mais pois os últimos carros, a grande maioria, só circula até as 21h”, comenta Robson Jampa nas redes sociais.

O tema também foi motivo de pronunciamento na Câmara de Vereadores de João Pessoa por parte do vereador Marcos Henriques (PT). Ele destaca que recebeu um vídeo de um popular que o levou à indignação por conta do mau funcionamento do sistema de transporte da cidade. 

“Hoje eu vim aqui discutir transporte coletivo. É importante as pessoas verem como anda a qualidade do serviço, vejam o vídeo [...] vocês vêem aí, sem oferecer a menor segurança, frotas reduzidas, são mais de 1.500 linhas, e a questão da Integração que não tem mais. Até baratas circulando dentro do ônibus”, comentou ele usando o púlpito da Casa.

Nesta terça-feira (02), o prefeito Cícero Lucena (PP) entregou 20 novos ônibus e renovou a promessa de ofertar ônibus públicos com wi-fi, ar-condicionado e carregadores de celular até o fim do seu mandato, em dezembro de 2024. Este "mimo" tem preço salgado:

“Causa indignação porque a Câmara concede isenção fiscal às empresas. E eu me lembro que há dois anos atrás, sob a desculpa de colocar wi-fi e ar-condicionado nos ônibus, e agora aumentar a frota para 80 transportes, me parece até que entregaram 20, mas o déficit de transporte coletivo é muito grande”, pondera Marcos Henriques.

O levantamento constatou que esse é o pior índice do Brasil em 27 anos 

O vereador argumenta que a capital precisa de um novo modelo de transporte: “Na verdade, esse modelo de transporte coletivo não atende à nossa cidade. Vamos chegar  a um milhão de habitantes na nossa cidade, e esse modelo de transporte coletivo é totalmente equivocado. Nós precisamos e merecemos um VLT, merecemos um transporte digno de metrô na nossa cidade, feito em parceria com o Governo Federal, Estadual, e Municipal. Fortaleza, Recife, Alagoas, todos eles têm o serviço metrô, e por que a gente insiste em oferecer à cidade um transporte caro e ineficiente?”

A usuária Ana Maria Truta descreve o seu descontentamento: “Hoje a tarde precisei andar de ônibus coletivo, pelo amor de Deus o que é aquilo, o ônibus não sabe o que é uma revisão faz tempo, chacoalhando mais que batedeira, uma sujeira de dá nojo de pegar em qualquer parte para se apoiar, quero saber se a população de João Pessoa, usuária das linhas de transporte, vai ficar calada, quieta, feito boi no curral. Continuem sendo humilhados, calados, essa atitude de ficar calada só olhando a boiada passar é muito bom mesmo é para os donos das empresas de ônibus coletivo, porque vão ficar cada vez mais ricos, a população sendo desrespeitada e os direitos do cidadão sendo jogado no ralo da ganância capitalista”

Os passageiros também têm relatado, com frequência, problemas para recebimento de troco. Eles reclamam que é comum faltar R$ 0,05 centavos após o pagamento da passagem.

"Se você dá R$ 5,00, eles não devolvem o troco, alegam que não tem", reclamou um usuário. Outro passageiro afirmou: "Não estão dando o troco direito e tem vez que não dão dizendo que não tem moeda".

Em diversas linhas ha acumulação de função onde o motorista tem que dirigir o ônibus, receber o pagamento das passagens, e ainda passar o troco.

Prefeito anunciou em março aquisição de veículos novos e seminovos

A renovação dos veículos é um dos pedidos mais comuns da população desde a retomada das atividades na pandemia da Covid-19. Em março, Semob-JP e as empresas de ônibus anunciaram intervenções em 24 linhas com o objetivo de melhorar a prestação do serviço aos passageiros da Capital. Entre os ajustes estão a readequação de horários e a inclusão de 89 viagens a mais no sistema.

“Estão sendo comprados 40 novos ônibus 0km, que serão acrescidos à frota, sendo entregues 20 em abril e mais 20 até junho. Além disso, serão adquiridos 40 seminovos, que vão substituir os mais antigos”, anunciou Cícero Lucena em 16/03, em reunião com  o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), Alberto Pereira, e representantes das empresas Marcopolo e Mercedes.

Além dos novos veículos entregues, já encontram-se 20 unidades seminovas circulando na frota de João Pessoa.

A previsão  da prefeitura é de que, com a entrega das 80  unidades até o fim do ano, ocorra a redução da idade média da frota pessoense, que hoje é de 11 anos. Nacionalmente este índice é de seis anos. Os dados são da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), divulgados em agosto de 2022. O levantamento ainda constatou que esse é o pior índice do Brasil em 27 anos. 

De acordo com o prefeito Cícero Lucena (PP), a entrega tem o objetivo de abrandar os efeitos da crise gerada no transporte público pela pandemia. 

“Até hoje temos uma idade média dos ônibus de 11 anos. Com essa alternativa de 20 novos ônibus entregues hoje e mais 20 entregues daqui há quarenta dias, no máximo, e mais 40 veículos seminovos, vamos atingir uma idade média dos ônibus de sete anos. Isso vai nos ajudar a melhorar a qualidade do transporte e também voltar com algumas linhas que antes tinham sido retiradas”, informou. 

 

Edição: Cida Alves