A reunião do Conselhão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que junta os Conselhos Universitário (Consuni); de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe); e o Conselho Curador, terminou no final da tarde desta terça (16) sem uma decisão definitiva quanto à destituição do atual reitor e vice-reitora da instituição, Valdiney Gouveia e Liana Filgueira. Durante a reunião, foi apreciado o dossiê elaborado pelo Comitê Contra a Intervenção na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que apresentava uma série de motivos da má gestão do atual reitorado como repressão, a censura no ambiente acadêmico; ataque a entidades representativas e movimentos democráticos; descaso com as condições de vida de estudantes e trabalhadores; gestão da universidade subordinada ao alinhamento ideológico à extrema-direita e usurpação e esvaziamento das atribuições e competências dos Conselhos Superiores da Instituição.
No entanto, uma polêmica permeou o momento pois quem estava presidindo a reunião era justamente umas das partes envolvidas no processo e diretamente interessada, a atual vice-reitora, a professora Liana Filgueira. Apesar dos apelos dos participantes para que a vice-reitora se declarasse suspeita e se retirasse da presidência, ela se manteve presidindo e contou, inclusive com o parecer favorável da Procuradoria da UFPB, que alegou não ser ela parte interessada no processo, considerando unicamente o reitor Valdiney Gouveia como tal. Por conta deste fato, a vice-reitora decidiu por conta própria encerrar a reunião e se retirou do local. Assim, não foi possível concluir a análise por completo do documento e a solução encontrada pelas conselheiras e conselheiros presentes foi fazer uma autoconvocação do Conselhão, com a mesma pauta de apreciação do dossiê e destituição do reitor e vice-reitora atuais, para o dia 29 de maio.
Desde que foram nomeados que Valdiney Gouveira e Liana Filgueira são alvos de protestos por parte da comunidade acadêmica da UFPB. Eles não receberam nenhum voto, durante o processo eleitoral de escolha para a reitoria, e mesmo assim foram os nomeados pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), como reitor e vice-reitora, respectivamente, em detrimento às reitoras eleitas pela comunidade acadêmica, Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega.
É a primeira vez na história da UFPB que um reitorado sofre um pedido de destituição de ambos os ocupantes dos cargos máximos da instituição.
No dia 29 de maio, caso o conteúdo do dossiê, construído pelo Comitê Contra a Intervenção na UFPB, seja aceito pelos conselhos superiores, ele seguirá para o Ministério da Educação, que vai deliberar sobre a admissibilidade ou não do processo — que, por sua vez, acarretará a destituição definitiva do atual reitor e da vice-reitora da UFPB.
Edição: Heloisa de Sousa