Movimentos sociais e entidades ligadas ao registro e à memória no Estado da Paraíba participaram nos dias 27 e 28 de junho do seminário ‘Direito à Memória: fazer coletivo’, na Casa do Povo, em São Paulo. O encontro aconteceu em parceria com a Rebralume (Rede Brasileira de Lugares de Memória) e a Reslac (Rede Latino-Americana e do Caribe de Sítios de Memória).
Na ocasião, a Rebralume realizou um processo de definição de coordenação para os próximos três anos, elegendo Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas da Paraíba; também Thiago Haruo, representante do Museu da Imigração do Estado de São Paulo como coordenadores no próximo triênio.
“O seminário foi extremamente necessário e importante para esse fortalecimento dos espaços de memória que estavam abandonados e negacionados, assim como essa onda de negacionismo que fazia com que a continuidade fosse ameaçada. Muito abandono desses espaços, então garantir que se retorne a esse contexto organizativo é extremamente necessário. Ter o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas nessa ação - no papel de articulação, mobilização e coordenação - é de grande importância, não só para o Nordeste mas para classe camponesa”, destaca Alane.
Um dos propósitos do evento é fortalecer a Rebralume, que é uma rede de grupos que trabalham com sítios de memória na perspectiva de preservação e fortalecimento desses espaços. Representando a Paraíba, participaram do encontro o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, através de Alane Lima e de Josilene; e o Memorial da Democracia da Paraíba, que funciona na Fundação Casa de José Américo, através de Fernanda Rocha.
“A rede tem um papel de articular e garantir que os lugares de memórias do país possam estar sempre dialogando e trocando estratégias de resistência e de sobrevivência na conjuntura que passamos e diante da conjuntura que a gente ainda encontra, mesmo tendo um governo que é sensível à pauta”, explica Alane.
Ela complementa que o direito à memória é tão importante quanto o direito à terra: “A participação do memorial neste contexto é extremamente importante nessa conjuntura porque aí garante a não dissociação da memória do acesso à terra. E ter o acesso à terra como base, inclusive para a gente ter o direito à memória; ter o direito à memória sem acesso à terra também não funciona”.
O evento contou com cerca de 60 pessoas de todas as regiões da federação. Na programação, mesas de debate como ‘Memória como direito ancestral’ e ‘A luta constante pelo direito à memória, verdade e justiça’. Também ocorreram visitações à lugares de memória da cidade de São Paulo, e oficinas como ‘Inventário Participativo’, ‘Conservação preventiva de acervos em papel’, ‘Acervos e memória’ e ‘História oral’.
Dentre os participantes, Ana Flávia Magalhães (Diretora do Arquivo Nacional), Gegê Joseph (Diretora de Programa para África, América Latina e Caribe da Coalizão Internacional de Sítios de Consciência), Jean Camoleze (Representante do Brasil na RESLAC e Coordenador de Acervos da Casa do Povo), Representando o Ministério dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Também estava presente Verônica Torras, diretora de Memoria Abierta (Argentina) e coordenadora da RESLAC.
Uma carta coletiva está em construção com o propósito de ser entregue a diversos Ministérios do governo federal. A carta centraliza a importância dos sítios de memória, mas reivindica a existência de orçamento para esta finalidade.
“Não adianta somente a gente estar formalizados no sentido de leis, e no orçamento a gente não está sendo cotado. Então, estamos propondo a finalização dessa carta para poder ser feita a entrega no formato simbólico, num ato político de entrega aos Ministérios, ao governo federal. No encontro, nós tivemos representações de todas as regiões e uma solidarização coletiva de fato para com o desejo de se reerguer”, arremata Alane Lima.
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Edição: Polyanna Gomes