"Bem seja a chuva o derramamento/ A sós rangem os dentes o trêmulo lamento"
Por Gabriel Farias Pereira*
Uma manhã descoberta de frio
Nos fios de uma brisa manhã
Sopro arrepiante como um assovio
A escorrer pelos fios do lençol de lã.
Manhã de chuva inaudita
Que encobre o calor de nossa esperança
Mas nem por isso é a manhã maldita
Ou toda esperança vã.
Manhã coberta de fé
Como café que nomeia as manhãs
Na fome daqueles que não ficaram de pé
Sob mantas cinzentas de fé cristã.
Bem seja a chuva o derramamento
A sós rangem os dentes o trêmulo lamento
Esperando o Sol finar o sofrimento
Do rufar desta terra afogada.
A hipotermia das vidas abandonadas
Morro hoje, a Deus o amanhã.
*Professor de capoeira e graduando em Ciências Sociais na UFPB
Edição: Polyanna Gomes