O presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares da Paraíba (FETAG-PB), Liberalino Ferreira, participou de uma reunião na última sexta-feira (21), com os assentados e assentadas da região de Sousa (PB). A reunião foi realizada no Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade e contou com a participação da presidente do Sindicato, Ana Cleide; do superintendente do INCRA, em João Pessoa, Antônio Barbosa; do prefeito da cidade, Fábio Tayrone e do secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer da Paraíba, Lindolfo Pires.
A reunião foi um momento para que as assentadas e assentados da reforma agrária da região de Sousa apresentassem ao superintendente do INCRA os principais problemas que cerca de 300 famílias estão enfrentando há mais de 10 anos, entre eles, a falta de titulação das terras, falta de equipamentos de irrigação, dificuldade de acesso ao crédito rural e a não renovação de concessão e uso da terra.
“O INCRA precisa visitar os assentamentos e não é só a terra que os trabalhadores rurais precisam. Eles precisam de várias coisas para que a reforma agrária seja implementada de fato, entre elas, a assistência técnica de qualidade. A própria legislação prevê que a reforma agrária é o direito à terra e assistência técnica de qualidade para que o homem e a mulher do campo consigam de fato melhorar de vida, e isso nós não temos aqui na Paraíba”, afirmou o presidente da FETAG-PB.
A trabalhadora rural Rosineide mora no assentamento Mamoeiro, com seus quatro filhos. Segundo ela, as 12 famílias que moram no local enfrentam muitos problemas. Ela entregou ao superintendente do INCRA um documento listando todos eles e espera que o gestor aja rapidamente para resolvê-los.
“Nós não temos o título de nossas terras, e para piorar, não temos acesso a água potável. Eu preciso me deslocar para longe de minha casa para poder pegar uma água que eu possa beber com meus filhos, possa usar para cultivar minha lavoura. Eu tenho direitos e posso viver do meu trabalho, e esperamos que agora o INCRA faça algo por nós”, ressalta Rosineide. A fala de Rosineide resumiu as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos assentados(as) da Paraíba. As famílias presentes na reunião no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sousa também entregaram documentos, exigindo melhorias nos assentamentos rurais da região.
O superintendente do INCRA, Antônio Barbosa, ouviu atentamente todas as demandas apresentadas durante a audiência. De acordo com ele, nestes últimos seis anos houve um desmonte nas políticas públicas pelos governos anteriores, além do corte de verbas. O orçamento do INCRA, segundo Barbosa, foi aprovado pelo governo federal anterior e os recursos são insuficientes para atender de imediato todos os problemas que o Brasil enfrenta atualmente.
“No entanto, estamos trabalhando dia e noite para resolvê-los. Com certeza, o INCRA precisa ir até os assentamentos e ver de perto o que está acontecendo para poder atuar. Atualmente, estamos com poucos técnicos para dar conta dos assentamentos que temos hoje na Paraíba e acreditamos que concurso público é muito importante para resolver esta questão, o que já está sendo estudado pelo governo”, afirmou. Sobre o problema da falta de água potável e de infraestrutura nos assentamentos, apresentado por Rosineide, Antônio Barbosa disse que fará um diálogo com o governo do Estado da Paraíba para que seja resolvido. Ele frisou que é importante o trabalho em parceria com o INCRA e os governos estadual e municipal.
“O próximo ano será o ano da abundância. É preciso oferecer crédito rural para estas famílias, condições dignas de moradia, de assistência para cultivar suas terras, e fazer do campo um lugar bom para se viver e trabalhar. Considerando os recursos que nós temos no momento, que são muito poucos, esse processo melhora a partir do último trimestre de 2023 e se Deus permitir com todo o trabalho que está sendo feito pelo governo Lula, nós vamos ter um conjunto de novidades no próximo ano, porque vamos trabalhar com um novo orçamento para vencer toda essa pauta represada e poder dar atenção às demandas de crédito para as mulheres, para os jovens, para os homens dos assentamentos, que hoje é um contingente de 60 mil pessoas.”, informou Barbosa.
Também estiveram presentes na reunião os presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de São José de Piranhas, Marizópolis, Vieirópolis, representantes da EMPAER, da Comissão Pastoral da Terra e da Secretaria de Agricultura da prefeitura de Sousa.
*Texto de Mabel Dias – Assessoria de Comunicação da FETAG-PB e parceira do BdF-PB
Edição: Polyanna Gomes