Nos próximos dias 15 e 16 de agosto, mulheres de todo o Brasil e de outros países estarão em Brasília para participar da 7º Marcha das Margaridas 2023. A atividade é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) e 16 organizações parceiras, sendo considerada a maior ação política de mulheres da América Latina, com protagonismo das mulheres do campo, da floresta e das águas. A Marcha acontece a cada quatro anos e terá como lema esse ano “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”. A 7ª Marcha das Margaridas conta com o patrocínio da CAIXA, do Conselho Nacional do SESI e do Governo Federal.
Na Paraíba, a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares da Paraíba (FETAG-PB) vêm mobilizando as mulheres desde o mês de março, quando realizou o lançamento oficial da 7º edição da Marcha, no Dia Internacional da Mulher (8 de março), reunindo mulheres do campo e da cidade no auditório da Federação. Além da FETAG-PB, também estão na coordenação da Marcha das Margaridas na Paraíba, a Secretaria Estadual de Mulheres do PT-PB; Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia; o GT de Mulheres do Semiárido; A ASPTA; a Secretária Estadual de Mulheres da CUT-PB; o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Paraíba e o MST. Foram realizadas oficinas de formação em cidades polos, como Guarabira, Campina Grande e Patos, e no mês de maio, uma Audiência Pública, em parceria com o mandato da deputada estadual pelo PT, Cida Ramos.
Agora, na reta final para a realização da Marcha, as Margaridas paraibanas seguem mobilizadas para a viagem. A comitiva da Paraíba contará com a participação de mais de 300 mulheres, organizadas em seis ônibus, que vão para Brasília no próximo domingo, 13 de agosto. A comitiva sairá às 7h da FETAG-PB, em João Pessoa.
“Margaridas de todos os estados brasileiros e de outros países já estão se organizando e se preparando para esse grande momento. São quatro anos de construção coletiva, de formação, de caravanas, de audiências públicas e de construção de propostas para coroar com a nossa grande marcha em Brasília”, enfatizou a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais.
A pauta da Marcha das Margaridas foi entregue ao governo federal, durante evento com a participação de 13 ministras e ministros de Estado, no Palácio do Planalto, no dia 21 de junho. No mesmo dia foi entregue a Pauta voltada ao Legislativo para o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira.
Na Paraíba, a pauta foi entregue ao governador do Estado, João Azevedo, e a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura.Os documentos trazem os anseios, os quereres e as prioridades apontadas pelas Margaridas do campo, da floresta e das águas e as propostas estão organizadas em 13 eixos temáticos: Democracia participativa e soberania popular; Poder e participação política das mulheres; Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade; Proteção da Natureza com justiça ambiental e climática; Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética; Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios; Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns; Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional; Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda; Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária; Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo; Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
A Marcha tem como força inspiradora a luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Por lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, Margarida Alves foi cruelmente assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983. No último dia 5 de agosto, se estivesse viva, Margarida Maria Alves completaria 90 anos de idade.
Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.
“De Margarida nos tornamos sementes. Em agosto, vamos realizar a 7ª Marcha das Margaridas”, anunciou Mazé Morais, que disse ainda que, nesse ano, são 23 anos de realização da Marcha e 40 anos do assassinato de Margarida Alves. “Nós nos guiamos pelos princípios do feminismo anticapitalista, antirracista e antipatriarcal. Um feminismo que valoriza a vida, vinculado à defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns e da soberania e autodeterminação dos povos”.
Por Mabel Dias (jornalista parceira do BdF-PB) - Assessoria de Comunicação da FETAG-PB, com informações da Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi
Edição: Polyanna Gomes