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Coluna

Parte III - O Segundo Governo João/Lucas e os desafios da Paraíba

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O diálogo econômico deve se dar não apenas com os setores produtivos mas também com os trabalhadores

Economia 

Com a eleição do Presidente Lula e a busca de viabilizar o seu programa, a política econômica ganha a centralidade devida, encapsulada numa nova matriz que tem em seu núcleo decisório, políticas e programas para construção da justiça social e ambiental. 

Aqui, no Estado, cabe ao Governo João fomentar opções econômicas para viabilizar o desenvolvimento do Estado que conduzam o seu planejamento de investimentos, finanças e orçamento e que, de maneira efetiva, traduzam em suas políticas e programas a geração de emprego e renda, e também o cuidado e valorização dos biomas presentes em nosso território, ou seja, uma política econômica que não produza devastação ao meio ambiente e nem exclusão social e concentração de riqueza. 

O diálogo econômico deve se dar não apenas com os setores produtivos, mas com os setores do mundo do trabalho, dos Movimentos Sociais, da academia, da sociedade que deve cada vez mais participar dos rumos e das decisões sobre a economia, já que qualquer política pública para ter o pleno êxito, depende diretamente do modelo de desenvolvimento estamos assumindo. 

Aqui trago a lembrança do grande paraibano, o economista Celso Furtado, bem como do Papa Francisco que tem puxado um Movimento por uma Nova Economia, e de tantas experiências, seja do movimento social, seja das bases e periferias que ensaiam novas formas de produzir, comercializar e consumir de forma sustentável. 
Será possível pensarmos em um Banco Estadual de Desenvolvimento? … Do Empreender Paraíba para um Banco público voltado para o desenvolvimento, tipo um BNDES estadual … Em outro artigo vou desenvolver essa propsota. 

A relação João e Lucas

Durante a campanha, muito se falou que a relação do governador e do seu vice seria de outro tipo, superando a infeliz tradição de um vice decorativo ou apenas dos acordos políticos, mas sem nenhuma ou pouca participação no ato de governar. Naturalmente, não é o que se vê, tampouco restrito à política da Paraíba; é muito comum que vices sejam apenas decorativos, e com pouca influência. João prometeu que seu vice, no caso o político Lucas Ribeiro, então vice-prefeito de Campina Grande, seria um vice influente, ativo no seu governo e a cara administrativa e política em Campina Grande com a instalação da Vice-governadoria no município. 

De fato, é importantíssimo que o vice-governador, seja aqui ou em qualquer Estado, ou mesmo no caso dos municípios, seja uma figura atuante e influenciadora junto ao Titular, e é isso que queremos ver no novo governo João. Lucas tem capacidade de ouvir; foi muito importante o seu voto e sua declaração a favor da democracia e da eleição em Lula Presidente, é um Vice-governador oriundo de Campina Grande mas, ao mesmo tempo, precisa e deve ser um Vice de toda a Paraíba. Ele conta bastante em sua posição atual e, na minha percepção, deve seguir a inspiração de Celso Furtado na sua tentativa de influenciar os rumos da política e do governo. 

Porém, valem aqui algumas perguntas: ele conseguirá ser um vice de influência ativa sobre João? Os demais grupos políticos que integram o governo e sua base vão permitir a sua atuação? Ele conseguirá ser uma voz ativa e decisória sobre o papel dos governos com as suas políticas e ações para Campina Grande? A Vice-governadoria tem poder político de fato: será um lugar de diálogo com a pluralidade de Campina Grande, não apenas para a escuta, mas para a resolução das diversas demandas? Será um lugar de participação social? João terá seu vice como um conselheiro permanente e participará de suas decisões?  

Lucas não é de esquerda, mas é um democrata, é talentoso, e sabe escutar, mas terá que construir seu próprio caminho e sua autonomia distante da trajetória de seu próprio grupo político. Penso que deve, com seu jeito, buscar influir e se aproximar da sociedade civil organizada, dos setores da academia… 

A luta pela democracia 

Vencemos as eleições de 2022 elegendo Lula Presidente e João Azevedo Governador, derrotado eleitoralmente a Extrema Direita no Brasil e no Estado, bem como os grupos ao redor da família Cunha Lima. No entanto temos ainda um longo caminho a percorrer de reconstrução da democracia, de suas Instituições de uma política econômica que garanta e promova a justiça social e ambiental, a qualidade de vida nas cidades e no campo, a preservação e o cuidado dos biomas e territórios, que promova participação social ativa e permanente. 

Novas formas de diálogo e participação devem ser experimentadas; políticas de geração de emprego e renda e de combate à fome e à miséria devem ser urgentes e com orçamentos garantidos. Precisamos da ação dos governos, da mobilização dos Movimentos Sociais, da formulação da academia, e de outras instâncias de participação para aprofundarmos uma cultura democrática, do diálogo e que esteja focada em promover uma sociedade de bem-estar.

Tudo isso e tantas outras ações importantes, necessárias e urgentes para isolarmos a Extrema Direita e o autoritarismo, ambos ainda com muita vida na nossa sociedade. Será uma tarefa civilizatória impedir a volta ou o crescimento da Extrema Direita e, com isso, alargarmos a democracia. 

Nesta quadra da história, o Governo João/Lucas deve cumprir um papel de estreita colaboração como Governo Lula e no Nordeste, com o Consórcio de Governadores, SUDENE, para ser um dos espaços de políticas públicas onde as pessoas, as famílias, as comunidades percebem que suas vidas estão melhorando e que a democracia é o único caminho para resolvermos os nossos problemas e conflitos com muito diálogo e participação. 

Aqui cabe uma tarefa importante para os setores da esquerda e do campo popular que estão ocupando cargos e funções governamentais, seja no governo estadual ou federal, ou de apoio ou os que estão nas bases e se identificam com o campo popular, para que tenham muita unidade, diálogo entre si e ação de influência e pressão sobre o governo para um rumo mais progressista e de esquerda.

E isso não significa apenas ocupar um cargo ou apoiar o governo, mas aponta para uma ação conjunta entre as diversas pastas, bem como entrosamento com os parlamentares de Centro-Esquerda e com os Movimentos Sociais. 
Ação e Unidade para que os novos Governo João e Lula possam ir mais à esquerda. Será possível? 

O Governador João Azevedo terá uma postura nova, de escuta e diálogo com campo de centro-esquerda que votou e fez a sua campanha? Esse diálogo será permanente? 
Até agora pouco ou quase nada de forma coletiva e não individual se avançou com o Governador João. 
Um conselho com as representações de todos os partidos da sua base seria um bom começo. 

Conclusão inconclusa

Para o campo das esquerdas, progressista e popular, é preciso pensar a Paraíba para além do Governo João, que já tem a sua data de validade determinada até 2026. É preciso recuperar a capacidade de diálogo e construção de pontes no interior de cada partido, entre os partidos, com os Movimentos Sociais e avançarmos para um novo projeto político, de alma e programa de esquerda, para a disputa dos corações e das mentes das/os paraibanos/as. 

Mas enquanto isso, devemos seguir com as mobilizações, com o nosso lugar nas ruas e nas redes na defesa dos direitos, da democracia, na defesa das causas populares, de uma reforma tributária justa e distributiva, de uma reforma urbana que democratize as cidades e torne o espaço urbano resiliente às mudanças do clima e espaços de bem-estar, à luta por uma reforma agrária popular, agroecológica e de uma agricultura familiar ativa e próspera.
 
É preciso seguir nas lutas por uma política energética que priorize a produção distribuída das energias renováveis e mitigação dos impactos dos grandes parques solares e eólicos; a preservação do ecossistema não pode ser apenas retórica, tem que ser pra valer! Seguir com a lutas por políticas e financiamento para a  inovação, tecnológica que nos conecte com século XXI, mas que tenham como centralidade sempre a promoção do trabalho digno, da busca da igualdade e da sustentabilidade ecológica. Sigamos também na luta em prol das políticas culturais e por uma educação e saúde públicas e de qualidade. 

São muitas e tantas outras lutas que estão ligadas na construção de uma sociedade democrática, com plena justiça social e ambiental e pluralmente participativa e diversa. 

Caminhemos com esse compromisso democrático pela Paraíba, pelo Nordeste e pelo Brasil. 

Caminhemos!

*Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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Edição: Cida Alves