A 29ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas acontece nesta quinta-feira (7) em todo o país. Neste ano, a mobilização nacional está com o lema "Vida em primeiro lugar" e o tema “Você tem fome e sede de quê?”. Aqui na Paraíba as manifestações, caminhadas e mobilizações populares se distribuem por diversas cidades. Em João Pessoa, o ato público terá concentração às 8h, em frente ao Liceu Paraibano, no Centro da cidade.
"Estaremos realizando nosso ato, nossas denúncias, manifestações no mesmo horário do desfile cívico do dia 7, né. Precisamos levar nossas pautas, bandeiras, um conjunto de ações para serem colocadas e debatidas pelo povo que sofre. Aqui na PB, por exemplo, diante do tema, vamos levar às ruas a questão da privatização da água em algumas cidades do estado, os casos de Sousa e Santa Rita, que após esse processo começaram a sofrer com a falta de água, então estaremos nessa data realizando essa denúncias, mas também expondo o que vem sendo feito pela população que tem fome e sede, a exemplo das Cozinhas Populares, onde as pessoas estão gerindo sua própria comida e compartilhando ", explica Gleyson Melo, organização do Grito dos Excluídos/as na Capital.
HISTÓRIA DO GRITO
A primeira edição do Grito foi às ruas em 1995. A proposta surgiu a partir de atividades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com inspiração no tema da Campanha da Fraternidade daquele ano: “Fraternidade e Excluídos”, e o lema “Eras tu, Senhor?”. As manifestações acontecem anualmente, sempre no dia 7 setembro, como contraponto ao Grito da Independência, que foi proclamado por um representante da família real portuguesa. A ideia é levar para as ruas e praças os gritos silenciados que vêm dos campos, porões e periferias da sociedade.
LEMA 2023: "VOCÊ TEM FOME E SEDE DE QUÊ?"
O lema anual do Grito é debatido e definido a partir das sugestões de uma rede de articuladores e articuladoras de todo o Brasil e sempre dialoga com o tema da CF – Campanha da Fraternidade da CNBB, com a conjuntura política, social e econômica do país e com a luta dos movimentos populares e sociais.
Dalila Alves Calisto, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da organização nacional do Grito afirma que “a água é um direito humano, um bem comum e um Patrimônio da Humanidade, que deve estar sob o controle popular e não das grandes empresas multinacionais. O Brasil possui a maior reserva de água potável do mundo (13%), no entanto, pelo menos 35 milhões de brasileiros seguem excluídos ao acesso regular de abastecimento e outros serviços”.
Já Vera Vilela, nutricionista, educadora em saúde e mestra em Saúde Pública afirma que o lema é forte pois “a fome não é um fenômeno vinculado às questões pontuais, como a seca por exemplo, mas historicamente faz parte da estruturação da sociedade brasileira, desde o período colonial, através de uma inclusão desigual dos diversos grupos sociais nas diversas regiões do país”.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Organizado por entidades de diversos segmentos, como sindicatos, movimentos sociais, estudantes, partidos políticos, religiosos, o Grito dos Excluídos sempre é marcado por uma reunião de diversas pessoas com suas culturas, cores, orientações.
"O tema é bastante relevante porque depois de quatro anos de um governo que desmantelou políticas públicas de assistência social, a população, principalmente a negra, tem muita fome, tem muita sede, seja de alimentos e água como também de justiça. Temos sede de educação, cultura, arte... Nesse Grito, o Movimento Negro também vem denunciar a questão da violência policial, essas ações violentas das polícias nas periferias que, na maioria dos casos atingem pessoas pretas", frisou Léo Silva do Movimento da Negritude Unificada.
O Movimento de Catadores de Recicláveis da Paraíba (MNCR-PB) falou sobre a importância da participação do maior número de pessoas nessa mobilização, pois só com o coletivo que se faz uma luta.
"Levamos nossas demandas e insatisfações como brasileiros e brasileiras, paraibanos e paraibanas; precisamos estar juntos com todos os movimentos e levar ao conhecimento da sociedade nossas insatisfações, é a partir da nossa união que entendemos e lutamos pelas causas uns dos outros", pontuou Egrinalda, do MNCR-PB.
Felipe Santos, vice-presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL-PB) conta que o movimento sempre esteve presente em todas as edições do Grito, lutando e 'gritando' pelo respeito aos direitos das pessoas LGBTQIAP+.
"Estaremos lutando pela vida, pela democracia, pelas liberdades individuais e coletivas e também pelo direito de exercer nossa sexualidade. Nós temos fome e sede de quê? Temos fome e sede de vivermos livremente, exercer nossa sexualidade, nossos corpos, nossa livre orientação e identidade de gênero", afirmou.
O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadores Sem Terra da Paraíba reforçam a ideia da luta pela terra e por reforma agrária como o ponto mais discutido nesses últimos anos do ato e, diante do lema 2023, buscam denunciar a maneira como vivem as tantas famílias que não tem um espaço para viverem com dignidade.
"A história do povo brasileiro que sempre aqui estiverem e habitaram tiveram as histórias marcadas por um profundo processo de exclusão, e somos nós, essa parte da sociedade que 'gritamos' nesse 7 de setembro. Precisamos de saúde, educação, cultural, lazer, qualidade de vida, então esse dia é onde esses movimentos sociais do campo e da cidade, a partir de suas diversas pautas, mostram para a sociedade todas as exclusões que sofremos. E essa pergunta desse ano é maravilhosa e eu respondo: temos sede e fome de terra, comida, reforma agrária, viver dignamente, e lutar por justiça social. Essa é nossa luta: a vida em primeiro lugar!", disse Gilmar Felipe, direção do MST-PB.
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*Com informações da Articulação Nacional Grito dos Excluídos
Edição: Cida Alves