Paraíba

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O feito e o medo

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"As conquistas recentes da China se inscrevem entre os maiores feitos da humanidade" - Reprodução - Freepik imagens
A China erradicou a fome e se inseriu entre as maiores potências econômicas e tecnológicas do século

As conquistas recentes da China certamente se inscrevem entre os maiores feitos da humanidade. Um país outrora miserável, dominado pela fome, extrema pobreza, drogas e de um atraso sociocultural horroroso, se transformar no que é hoje, em 70 anos, é realmente impressionante. A China erradicou a fome e se inseriu definitivamente entre as maiores potências econômicas e tecnológicas deste século. 

O medo. 

Desde a conquista da África no século XV e o domínio do Atlântico, a partir do século XVI, a Europa e os EUA dominam o mundo a ferro e fogo. Partilharam, escravizaram e saquearam a África de forma absurdamente cruel. Saquearam a América Latina. Todos esses saques fizeram através de muitos crimes, de muitas mortes. Ninguém escravizou, explorou e matou mais no mundo do que essa ordem imperial Euro-estadunidense.

Governos de esquerda ou mesmo de direita foram subordinados à esse domínio. É importante frisar isso. No Iran, na Líbia, etc., ou agora na Rússia, emergiram governos nacionalistas de direita (Vladimir Putin é de direita), mas se insubordina a ordem exploradora Euro-estadunidense. Por isso, para eles, precisa ser eliminado. De esquerda nem se fala... esse domínio imperialista eliminou quase todos.

Agora o medo é real.

Durante os anos da Guerra Fria, a URSS era, talvez, uma "ameaça" política, ideológica. Agora se estrutura no mundo, uma nova força econômica, capaz de colaborar na emancipação dos "pobres de la tierra", como diz Martí.

A liberdade de um povo é obra exclusiva da luta desse povo. Ninguém pode lhes conceder. Mas é fato que as possibilidades de emancipar-se num mundo multipolar serão muito, mas muito mais plausíveis do que sob o mundo unipolar que perdura até hoje, dominado economicamente, tecnologicamente por um único polo. 

É esse mundo que está ruindo. É esse o medo que eles têm da China.

A China permitir aos países emergentes sua liberdade. Se libertarem da crueldade do FMI, do Banco Mundial, do dólar. Em 1944, em Breton Woods, enquanto os soviéticos libertavam o mundo do jugo nazista, os EUA estruturavam essa (des)ordem econômica para saquear o Planeta.

Em 1991, com o fim da URSS, ficaram livres para globalizarem sua superexploração. É contra o fim dessa ordem de usurpação econômica, de domínio político e mando militar, que EUA e Europa se levantam.

Não está em curso a 'comunização' do mundo, como temem os reacionários defensores da atual (des)ordem unipolar mundial. Está em curso a emergência de um novo mundo multipolar: democrático, necessariamente plural, com parcerias econômicas e políticas em que todos ganhem e a humanidade floresça sob o manto da liberdade e da paz.

É o medo desse novo mundo, que os EUA e a Velha Europa reagem.



*Jonas Duarte é Historiador, Mestre em Economia, Doutor em História Econômica e Professor do Departamento de História da UFPB


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Edição: Polyanna Gomes