A 34ª Romaria da Terra promete ser um evento de profunda reflexão e celebração da luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais pela conquista da terra e pela garantia de condições dignas de vida. Marcada para os dias 28 e 29 de outubro, a romaria inicia na Igreja Matriz da cidade de Pedro Régis (PB) com destino ao Assentamento Jardim, em Curral de Cima (PB).
O tema deste ano é “Terra Conquistada, Pão Partilhado", e reflete o espírito de união e cooperação das comunidades rurais que lutam pela terra, por reforma agrária e contra injustiças sociais no estado. A Romaria da Terra, ao longo dos anos, tem se consolidado como um espaço de encontro, reflexão e oração, onde se celebra a conquista de terras para a produção de alimentos e a partilha de pão.
Irmã Tânia Maria é coordenadora da Comissão Pastoral da Terra da Paraíba (CPT-PB) e explica que a Romaria é um encontro do podo do campo da Paraíba que se reuném para renovar as esperanças, a espiritualidade e denunciar injustiças.
"Vamos reunir todos os companheiros e companheiras de caminhada na luta pela terra para celebrar a vida, conquistas e frutos da luta pela reforma agrária no nosso estado, mas o ponto alto da nossa ação pastoral é onde fazemos as memórias das lutas, anunciamos a esperança e denunciamos as injustiças sociais praticadas no país contra o povo (do campo)", disse Tânia.
Tânia ainda explica que acontecerá também uma feira com produtos que são cultivados pelos agricultores e que estarão disponíveis durante pontos da caminhada.
"Muitos produtos da terra serão colocados a disposição durante o trajeto: café, chás, bejus, bolos, enfim, tudo isso servirá para nos energizar na caminhada rumo ao assentamento Curral de Cima", afirma a Irmã.
ROMARIA DA TERRA NA PARAIBA
A primeira Romaria da Terra aconteceu no ano de 1989, num período de intensos conflitos de terra na região do litoral sul da Paraíba. O então arcebispo, Dom José Maria Pires, defensor dos direitos humanos e primeiro bispo negro do Brasil, tomou a iniciativa de animar o povo a manterem-se firmes na defesa das posses de suas terras.
A Romaria teve início na praça matriz do Conde, passando por Gurugi e chegando em Tambaba. Toda esta região estava marcada pelos grandes conflitos por Terra. Foram 18 km de caminhada, com muita tensão, mas motivada pelo tema “Nossa boca se encheu de sorrisos”.
"Como disse Dom José, a romaria é a celebração da esperança. Assim deu continuidade nos anos seguintes com a segunda, terceira e a quarta romaria e até hoje que estamos na 34a edição. Nos primeiros 15 anos era assumida como uma atividade da Arquidiocese, onde todas as paróquias, pastorais e movimentos participavam da construção até a realização da romaria. Sempre com uma boa participação do povo do campo e da cidade. Do ano de 2005 pra cá a Romaria passou a ter maior participação do povo camponês", explicou Irmã Tânia.
SOBRE AS ROMARIAS DA TERRA
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirma que as romarias tem um sentido simbólico, acham sua fonte na própria marcha da humanidade. Sempre houve lugares que despertaram fascínio sobre as pessoas e para os quais as pessoas foram e vão à busca de algo para suas vidas.
"As Romarias da Terra aconteceram na esteira do Concílio Vaticano II, que acabou com a ruptura entre povo, palavra e altar. As Romarias tradicionais essencialmente buscam o altar e o Santo, as Romarias da Terra introduziram a “Palavra”, a reflexão. As Romarias da Terra têm um caráter ecumênico e ainda mais macro-ecumênico, incorporando ritos e símbolos de outros religiões ao universo católico. As Romarias da Terra valorizam o religioso, e não falham na sua contribuição profética. Nelas se busca mais que confortar o coração, se busca a transformação da sociedade", afirma a CPT.
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Edição: Cida Alves