Em uma iniciativa dedicada a preservar e difundir a riqueza cultural do cordel na Paraíba, nasce o "Sarau Baú do Cordel". O evento, promovido pela Academia de Cordel do Vale da Paraíba (ACVPB), reúne talentosos cordelistas em uma noite de contos e cantos, destacando a força do cordel como forma de expressão artística nascida e cultivada na Paraíba. O Sarau acontecerá nesta quinta-feira, (23), no Café da Usina Cultural Energisa, às 19h30, trazendo à tona o melhor da cultura paraibana. A noite promete ser uma celebração da identidade poética da Paraíba, oferecendo uma experiência única para os amantes da literatura e da tradição cordelista.
O "Baú de Cordel" é mais do que uma simples reunião poética; é a convergência de poetas de todas as idades, cores, identidades e estilos, apresentando uma rica diversidade de personalidades e produção poética. Sob a coordenação de Merlanio Maia, o sarau conta com a participação de nomes proeminentes como Fábio Mozart, presidente da ACVPB, Dalmo Oliveira, Raniery Abrantes e sua musa Annecy Venâncio, Manuel Belisário e seus jovens poetas Felipe Emmanuel e Israel Mendes, Sheilla Virgínia, Robson Jampa, Arnaldo Mendes e Thiago Alves.
Além das performances, o evento oferecerá aos participantes uma oportunidade única de levar para casa conteúdos e lembranças literárias da "Feira do Cordel", uma exposição que destaca a diversidade e a riqueza do universo cordelista.
O "Sarau Baú do Cordel" não apenas destaca a importância do cordel na história paraibana, mas também destaca a vitalidade e a continuidade dessa forma de arte única.
O Brasil de Fato Paraíba realizou uma entrevista com o coordenador do evento, Merlanio Maia. Acompanhe.
BdF: Qual a motivação do evento?
Merlanio Maia: O objetivo do evento é ocupar todos os espaços e dar a visibilidade devida ao cordel. O cordel é paraibano, nasceu com Leandro Gomes de Barros em Pombal, de Pombal a Teixeira. Depois é que Leandro vai para Recife, e vai criar sua própria gráfica e editora, para editar seus cordéis, e se preocupar com direito autoral, e toda essa coisa lá. Mas nasceu na Paraíba, então nós temos que dar visibilidade a uma literatura forte, linda, muito bela porque ela é feita de poesia, com arte, e ela consegue estar em todas as outras artes, no teatro, no cinema, nas novelas, na música. E a gente vai ver a poesia de cordel envolvendo e influenciando todas essas outras artes. Então, nada mais correto do que a Paraíba estar com essa sua verve poética nascida aqui, e conhecer os poetas, porque a Paraíba sempre teve muito poeta de cordel. E venerando em todos os pontos, levando a felicidade para todas as pessoas.
BdF: Hoje em dia, há uma rede cordelística na Paraíba ou fora dela?
M.M: Sim, há uma rede de cordelistas se formando através da Academia do Cordel do Vale do Paraíba que já juntou mais de 64 membros. Nós temos várias cadeiras na Academia do Cordel, e estamos nos reunindo exatamente para isso, nessa intenção, e ocupando os espaços, levando essa arte bela e forte em todos os lugares. Nós temos uma Feira do Cordel sobre a qual o BdF já escreveu, e essa feira já está hoje em parceria com o Coletivo Anumará, no shopping Sul, o Pôr do Sol Literário, que é itinerante da Academia Paraíba de Letras. Então, a gente já está buscando parcerias e tomando esses espaços. Então é uma rede de poetas e de pessoas preocupadas com a cultura e dando essa importância ao cordel para que o cordelista possa fazer show, possa ter cachê. Porque, até então, não era nem dado cachê, era uma coisa quase como uma meia cultura. E, na verdade, é poderosíssima essa cultura que está em todos os lugares, e essa rede tem se formado.
BdF: Qual a importância da Paraíba para o cordel?
M.M: A importância da Paraíba para a literatura de cordel no Brasil e no mundo é que o cordel nasce na Paraíba. Então, um dos maiores pesquisadores, como Marco Aurélio, que é da Bahia, e tem um livro sobre literatura de cordel bem interessante, onde ele faz essa reflexão, onde ele diz que a Paraíba foi o grande celeiro iniciador. Nós temos o Pavão Misterioso, de José Camelo de Melo, além de João Martins de Athayde, que comprou todo o acervo de Leandro Gomes de Barros, e também escreveu muitos cordéis. Então a Paraíba sempre foi esse celeiro. Também José Melquíades foi um grande daquela época, no começo do século XX. E nós temos grandes cordelistas vivos mantendo a coisa funcionando.
Então, nós estamos dando continuidade a isso, e esses cordelistas são ativos. E é uma importância muito grande para o Brasil, não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. O mundo hoje se debruça sobre o cordel, e está buscando as suas raízes, pesquisadores vêm de fora para pesquisar o cordel, já se tem vários livros sobre o assunto.
A gente está lutando, inclusive, para ter um Museu do Cordel, ou um espaço do cordel aqui através do governo do estado, que possa ter esse instrumento vivo, em que o turista possa participar constantemente, os alunos, as crianças possam ter aulas lá porque é uma literatura de arte, é a nossa língua, o português, o paraibanês vivem juntos nesse universo. É muito importante a Paraíba, os cordelisses paraibanos, para o mundo inteiro, da arte de uma forma geral, não só como especificamente do cordel, mas o cordel influenciando as artes de uma forma em geral.
O Cordel nasceu na Paraíba com Leandro Gomes de Barros e depois seguiram outros grandes cordelistas paraibanos como Silvino de Pirauá, João Martins de Athaide, José Camelo de Melo Resende, José Melchiades Ferreira da Silva, Maria das Neves Batista Pimentel, a primeira mulher a escrever Cordel, sob o pseudônimo de Altino Alagoano, mais recente Manoel Monteiro, Fábio Mozart, Merlânio Maia.
BdF: Quem são os parceiros desse evento?
M.M: O evento, inclusive esse Sarau Baú de Cordel, é um instrumento que estamos criando na Academia do Cordel do Vale do Paraíba, assim como a Feira do Cordel são dois instrumentos que a gente pode levar para eventos, para estar nos lugares, salas de conserto, então a gente quer levar em todos os lugares esso trabalho
Já chegamos com a Orquestra de Câmara, participamos do Festival Internacional de Câmara em agosto desse ano. Então, nós queremos realmente utilizar esse instrumento, e os parceiros, nós estamos fazendo grandes parcerias, inicialmente com Energisa, mas já temos outros em vista.
BdF: Podemos destacar alguns cordelistas que estarão presentes?
M.M: Muitos cordelistas fizeram poemas em homenagem a Beto Cajá, que faleceu essa semana. Vamos ter Fábio Mozart, que é um fomentador cultural, produtor cultural, escritor, radialista. Teremos Robson Jampa, que é o maior vendedor de cordel, é folheteiro, já vendeu mais de 50 mil cordeis. Teremos o Arnaldo Mendes que também é cantor, cordelista, poeta, professor. Teremos o Manuel Belisário que faz um trabalho com jovens e estará levando dois jovens cordelistas que são alunos dele.
Tem as mulheres cordelistas como Annecy Venancio, e a ideia de levar a mulher para que ela possa ser protagonista também do cordel. Teremos Sheilla Virgínia que é outra poetisa feminina. Teremos Raniery Abrantes, e também o Tiago Alves, que é doutor, professor, ator. Teremos Dalmo Oliveira, que é jornalista e tem vários prêmios de jornalismo. Enfim, uma quantidade muito robusta de artistas e poetas que vão traduzir essa festa de quinta-feira à noite, começando o Sarau Baú do Cordel como instrumento da Academia do Cordel do Vale do Paraíba
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Edição: Cida Alves