Paraíba

CELEBRAÇÃO

Batalha da Paz, uma das maiores representantes do hip hop em JP, realiza última edição do ano

O evento acontece neste sábado (16) e comemora os quatro anos de fundação da batalha

Brasil de Fato PB | João Pessoa |
Batalha da Paz, realizada na Praça da Paz, nos Bancários, em João Pessoa/PB, dezembro de 2023. - Foto: Arquivo da Batalha da Paz.

A Batalha da Paz, uma expressão do hip hop na cidade de João Pessoa/PB, existe desde 2019. A batalha acontece aos sábados e une freestyle, tag, slam e pocket shows de artistas locais. Neste sábado (16), a última Batalha da Paz do ano e também comemoração dos quatro anos da sua fundação vai ocupar a Praça da Paz, nos Bancários, em João Pessoa/PB. O evento acontecerá a partir das 18h. A programação conta com apresentação do DJ Black, Acarajow, pocket show de Side, batalha de MCs, slam, mic aberto (espaço de fala livre para qualquer apresentação ou mensagem) e premiação dos melhores do ano.


Card de divulgação da última edição do ano da Batalha da Paz. / Instagram: @batalhadapazz

“É o aniversário de quatro anos, é um marco muito importante para a batalha. A gente se organizou para fazer uma edição linda”, comenta Djully Bernardo, uma das organizadoras da Batalha da Paz. Segundo ela, a batalha é uma das maiores nos movimentos da cultura do hip hop na cidade. Na descrição do evento, a organização enfatiza que “vamos mostrar que a paz é o caminho e que a música é a nossa arma”. 

Na Paraíba, as batalhas de hip hop ganharam as ruas e fazem parte da cultural local. Com suas manifestações, as/os participantes e o público se colocam a pensar sobre diversos problemas sociais que atingem suas vidas, como o racismo, o machismo, a LGBTQIAPfobia e a violência policial. 

História

O Hip Hop, movimento de grande expressão cultural, surgiu na metade da década de 1970 nos subúrbios negros e latinos de Nova York, nos Estados Unidos. De acordo com o Jornal do Rap, “foi lá que o DJ jamaicano Kool Herc organizou uma festa em 1973 que mudaria a história da música. Ele resolveu tocar apenas os trechos instrumentais e as batidas mais fortes das canções de funk e soul, criando um ritmo contínuo e dançante. Esses trechos ficaram conhecidos como breaks, e foram a base para o surgimento do rap, do break dance e do grafite, as três principais manifestações do hip hop”. 

Na década de 1990, o hip hop se tornou um fenômeno mundial e foi se estabelecendo nas paradas de sucesso. No Brasil, o hip hop fez espaço através de grupos de break dance, que participavam da Galeria 24 de maio, em São Paulo, no início da década de 1980. Influenciados pelas músicas americanas, foram criando suas particularidades e novos passos de dança. 

Segundo o Jornal do Rap, “o rap também começou a ganhar espaço no Brasil. Os primeiros rappers brasileiros foram influenciados pelo funk e pelo soul nacionais, além do reggae e do samba. Eles usavam o rap como uma forma de expressar suas vivências nas periferias e denunciar as injustiças sociais. Alguns dos pioneiros do rap brasileiro foram Thaíde e DJ Hum, Racionais MCs, Planet Hemp, Gabriel O Pensador e MV Bill.”

O Brasil conta com nomes, além dos já citados, como Negra Li, Criolo, Emicida, Djonga, Flora Matos, Linn da Quebrada e Baco Exu do Blues, entre tantos outros. 

Hip Hop como Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba

Relembrando os momentos da Covid-19, Djully Bernardo conta que "durante a pandemia, a Batalha da Paz movimentou o instagram, levando arte e conforto para a juventude marginalizada, a que mais sofreu os impactos da crise de saúde mundial”. Ela relata que quando acabou a pandemia, ou seja, quando os espaços públicos começaram a poder ser frequentados, a Batalha da Paz encontrou dificuldades para ocupar, novamente, a rua. “Sempre diziam que precisávamos ter ofício de diversos órgãos para realizar qualquer movimento que fosse naquele espaço. Dado o cenário de censura, procuramos o apoio da deputada Estela Bezerra, que realizou uma reunião comigo, enquanto representante da Batalha da Paz. Relatei as tentativas de silenciamento e apresentei, em nome da Batalha da Paz, a ideia de elaboração de um projeto de lei que elevasse o Hip Hop à patrimônio cultural imaterial do estado da Paraíba, o que pouco tempo depois foi executado”, conclui.

Assim, a Lei Nº 12.579, de 06 de março de 2023 declara como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Paraíba a cultura Hip Hop com todas as suas manifestações artísticas, como o  Breaking (B. Girls e B. Boys); Graffiti; Rap (Rapper); MC; Batalha de MCs; Slam; DJ; Conhecimento; Beatbox e outras vertentes. A lei também protege o movimento contra “qualquer ação discriminatória, preconceituosa e desrespeitosa, seja de natureza social, racial, cultural ou administrativo", devendo quem descumprir submeter-se às penas da Lei.

Mulher no Hip Hop

A história da Batalha da Paz passa por um  período em que a organização era feita exclusivamente por mulheres. Djully conta que os MCs, nessa época, não respeitavam tanto a organização da batalha, como respeitavam as que eram feitas por homens. Hoje em dia, a Batalha da Paz também é organizada por homens. “Enquanto mulher no hip hop, a gente encontra muitos desafios, um deles é por representatividade. A gente vê poucas mulheres nas batalhas de MCs [...]. Enquanto mulher, eu sinto a questão da invisibilidade e da desconsideração, de não conseguirem respeitar a mulher enquanto uma pessoa produtora de arte e cultura nesses espaços”. 


Djully Bernardo, campeã do slam na edição 14º, da Batalha da Paz. / Foto: Instagram @batalhadapazz.

Cenário na Paraíba

No cenário atual do hip hop no estado, de acordo com Djully “está existindo uma construção coletiva, um esforço para juntar as forças do hip hop do estado. As organizações das batalhas estão em comunicação, criamos um grupo no WhatsApp com dois organizadores de cada batalha da Paraíba. Estamos pensando nas organizações coletivas para o próximo ano. Estamos nos unindo”, afirma. 

Dados do evento

Última edição do ano da Batalha da Paz e comemoração dos quatro anos de fundação
Local: Praça da Paz, nos Bancários, em João Pessoa/PB
Horário de início: 18h
Espaço público

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Edição: Carolina Ferreira