Na próxima sexta-feira (12), vai acontecer a bicicletada em homenagem à artista venezuelana Julieta Hernández, a palhaça Miss Jujuba, em João Pessoa/PB. Na cidade, a manifestação terá atos simultâneos: um pedal, com concentração a partir das 16h30, saindo do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA)/UFPB com destino ao Parque da Lagoa Sólon de Lucena; Já no Parque da Lagoa, o início do ato será às 16h, seguindo a programação com um ato cultural, composto por apresentações artísticas e palco aberto para falas e celebrações à vida de Julieta.
Em Campina Grande/PB, a manifestação acontece nesta quarta-feira (10) com concentração a partir das 19h, no Museu Digital do Sesi (Açude Velho) e saída às 19h30. A homenagem faz parte de uma convocação internacional, com atos espalhados por todo o Brasil e exterior. A organização é de artistas e grupos de ciclistas, entre outros. “Eu diria que é a própria Julieta que gerou esse movimento, pois ela tinha amigos em todos os cantos desse Brasil”, afirma Guadalupe Merki, a Palhaça Trovoada, uma das organizadoras da homenagem em João Pessoa.
Além de atuar com palhaçaria, Julieta era uma bonequeira – fazia miniaturas de pessoas – e também era uma cicloviajante e cicloativista. Desaparecida desde o último 23 de dezembro, a artista foi encontrada morta, na sexta-feira (05), no município de Presidente Figueiredo (AM). Em seu perfil em rede social, é possível conhecer um pouco do trabalho da artista.
“Julieta era venezuelana, ativista do uso da bicicleta, mulher com projeto solo e independente que levantava a bandeira da democratização e descentralização das práticas sociais e culturais. Julieta era uma cicloviajante experiente, com 4 anos de contínua movimentação, articulada em redes de apoio, responsável e cuidadosa ao extremo pela parte que lhe cabia. Julieta trabalhava na rua, na calçada, no terreiro, na feira, no semáforo. Julieta era uma mulher que ousou fazer seu caminho por conta própria”, conta Guadalupe Merki.
Terezinha Oliveira, participante do Pedal das Minas JP, grupo que vai se unir à manifestação do Parque da Lagoa, enfatiza que o momento é de homenagem, “mas também um momento de evidenciar que somos mulheres e temos direito de estar nas ruas e no mundo da maneira que quisermos sem sermos violentadas por isso. Defendemos a bicicleta como meio democrático de mobilidade e assim como Julieta, queremos seguir vivas, pedalando e desbravando cada lugar desse mundo. Não precisa ser destemida para pedalar, precisamos é de mais respeito à vida e ao modo que escolhemos vivê-la! Nossa casa também é o movimento! Viva, Julieta Hernandez!”
Violência contra a mulher
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro trimestre de 2023, 722 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, ou seja, houve um crescimento de 2,6% comparado ao mesmo período do ano anterior. Em relação ao caso de Julieta, Ana Cristina Melo, também do Pedal das Minas JP, salienta que “vamos lutar incansavelmente para que a justiça seja feita e que medidas sejam tomadas em nível de políticas públicas que protejam e acolham mulheres vindas dos países da América do Sul”.
Julieta Presente!
No Instagram, foi criado um perfil (@bicicletadadajulieta) para divulgar e registrar os pedais em homenagem a Julieta. Confira as cidades e países que serão realizadas as manifestações. Para organizar um ato em sua cidade, é só entrar em contato com o perfil Bicicletada da Julieta ou Circo di SóLadies|NemSóLadies.
Você também pode ajudar através de doações para a família de Julieta Hernández:
PayPal: [email protected]
PIX: [email protected]
Biografia completa da artista
Julieta Hernández tinha 38 anos, era venezuelana, palhaça, cicloviajante e bonequeira. Em sua terra natal, formou-se em veterinária, fez estudos na área do teatro e veio ao Brasil para estudar Teatro do Oprimido. Aqui, seguiu firme em suas pesquisas e experimentações artísticas, vivenciando cada vez mais a palhaçaria. Vivia no Brasil desde 2015 e em 2019 começou a viajar de bicicleta, se apresentando como palhaça ‘Miss Jujuba’ por cidades de mais de 9 estados brasileiros, do norte e nordeste. Nestas andanças, com seu Cuatro Venezuelano e muitos sonhos na bagagem, esteve em diversas pequenas comunidades pelos interiores do Brasil, participou de encontros e festivais autogestionados e compartilhava seus saberes de maneira voluntária por onde passava. Mesmo em projeto solo, participou de iniciativas coletivas como a Red de Payasas Venezolanas e os Palhaços Sem Fronteiras, no Brasil. Foi, e sempre será, considerada uma das maiores referências de artista nômade e migrante da América Latina.
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Edição: Heloisa de Sousa