Paraíba

JORNADA 8 M

Mulheres camponesas ocupam Incra e saem em marcha pela defesa dos seus corpos e territórios

Mobilização, que aconteceu no dia 7 e neste 8 de março, foi organizada pelo MST e CPT e reuniu 500 camponesas(es) da PB

Brasil de Fato PB | João Pessoa |
Mulheres sem terra em marcha, em João Pessoa (PB). - Foto: Carla Batista.

As mulheres camponesas de vários municípios da Paraíba realizaram ações na quinta-feira (7) e sexta-feira (8), em alusão ao Dia Internacional da Mulher. No estado, as mulheres sem terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na Paraíba (Incra-PB), localizada em João Pessoa, e realizaram uma marcha na cidade. A organização da mobilização foi do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) e Comissão Pastoral da Terra (CPT). A atividade reuniu 500 camponesas e camponeses, tendo representatividade de todo o estado da Paraíba. 

As ações fizeram parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2024, que teve como tema Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!. Segundo a nota nacional, as mobilizações da jornada são uma forma de denunciar as violências estruturais do sistema capitalista que afetam diretamente a vida das mulheres, através da instituição do patriarcado, do racismo e LGBTQI+fobia, por exemplo.


As ações debateram reforma agrária popular, energia eólica e os problemas que trazem para os assentamentos, renegociação de dívidas, créditos para mulheres, imissão de posses de terras, entre outros. / Foto: Marcos Freitas.

Entre as atividades na Paraíba, nessa quinta-feira (7), estavam o Seminário Estadual das Mulheres Camponesas: somos todas personas non gratas; reivindicações ao Incra como obtenção de terras e renegociação de dívidas das mulheres; debates de conjunturas; energias renováveis e os problemas trazidos para os assentamentos; violência contra a mulher no campo; solidariedade à Palestina. Já neste 8 de março, as camponesas saíram em marcha, com destino ao Ponto de Cem Réis, em João Pessoa, se juntando ao Ato Político Cultural Pela Vida Das Mulheres
 


Mulheres sem terra em marcha, neste Dia Internacional da Mulher. / Foto: Carla Batista/Ascom MST-PB.

“Nossa pauta de reivindicação vai desde à luta da reforma agrária popular a outras questões como a agroecologia para produção de alimentos saudáveis e a construção do feminismo camponês popular, como estratégia de combate ao patriarcado, ao racismo e toda forma de violência contra os corpos e contra os nossos territórios”, explica Eva Vilma, militante do MST-PB. 

Em relação à ocupação no Incra, MST e CPT, uma das pautas unificadas é a obtenção de terras, renegociação de dívidas, desapropriação de terras. “Nós temos acampamentos com mais de 15/20 anos, que os companheiros, as companheiras estão ‘embaixo de lona preta’ e a gente precisa que, de fato, tenha a imissão de posse de terra”. Outra unificação são os créditos, uma forma de dar liberdade financeira às mulheres, segundo Eva Vilma. Os militantes também reivindicaram ao Incra a renegociação de dívidas, já que algumas mulheres acessaram esses créditos, não podem acessar outros, até que estejam quitados.

Jéssica Silva, da comunidade rural de Corredor em São Miguel de Taipu (PB) e militante da CPT, conta que o objetivo da ocupação foi  “trazer para o espaço,  nossas pautas e aprofundar, também com debates direto com as/os agricultores, assim como a vida das mulheres, a partir da reforma agrária”. 

De acordo com Tânia Maria, da CPT, especificamente, algumas das reivindicações da jornada na Paraíba foram a imissão de posse da Fazenda Tambauzinho, obtenção das terras da Usina Maravilhas, conclusão do processo do Quilombo Matão e regularização da posse do Quilombo Livramento,  por meio da Secretaria de Planejamento da União (SPU). “As conquistas do povo só vêm com lutas. E se faz necessária para pressionar o governo e para implementar as políticas públicas destinadas para o campo”, evidencia. 

A luta das mulheres camponesas envolve pautas diversas. Em relação às mobilizações neste Dia Internacional da Mulher, Eva Vilma pontua que no “8 de março, a gente não quer só receber flores, a gente quer lutar. É como se a gente iniciasse o ano com o 8 de março, que é uma grande luta com as mulheres nas ruas no país todo. É uma jornada nacional que coloca as mulheres nas ruas e nada melhor do que mulheres serem protagonistas e abram esse calendário de lutas”. 

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Edição: Carolina Ferreira