Paraíba

ARTIGO

Grupo de Apoio à Vida - GAV completa 30 anos de existência e resistência

Paraíba ocupa o quinto lugar em número de casos de HIV/Aids na Região Nordeste

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Fotos das ações recentes do Gav - Foto: Arquivo Pessoal

O Grupo de Apoio à Vida - GAV chega aos seus 30 anos de existência e, sobretudo, de muita resistência. A primeira ONG/AIDS, criada no estado da Paraíba, em 12 de março de 1994, com o único objetivo de prestar assistência às pessoas afetadas pelo HIV na cidade de Campina Grande e região metropolitana.          


Fotos das ações recentes do Gav / Foto: Arquivo Pessoal

Era uma vez um grupo de pessoas que em 1994 davam uma entrevista radiofônica sobre uma entidade recém-fundada na cidade. Era uma ONG/AIDS, a primeira da Paraíba que estava divulgando seu trabalho de apoio as pessoas vivendo com HIV/AIDS de Campina Grande. Esta entrevista seria a primeira de muitas. Os objetivos da entidade estavam claros e logo que se espalharam pela cidade a notícia da fundação do grupo, as pessoas afetadas pelo vírus HIV começaram a sair de suas casas e a mostrarem-se, pelo menos nas reuniões. Quando um usuário foi expulso de um dos hospitais da cidade fazendo com que este fato chegasse à imprensa campinense, o grupo tomou impulso e consolidou-se tomando partido público em defesa da vida e pelo fim do preconceito médico-social contra as pessoas que vivem com HIV/AIDS.


Fotos das ações recentes do Gav / Foto: Arquivo Pessoal

O Programa das Nações Unidas para o HIV/AIDS (UNAIDS) divulgou, através de relatório, que cerca de mais 39 milhões de pessoas vivem com HIV/aids no planeta. A cada minuto morre uma pessoa em decorrência da Aids. Dos 39 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo, 9,2 milhões não têm acesso ao tratamento que salva vidas.


Fotos das ações recentes do Gav / Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids/2023, no Brasil, ao longo de sua série histórica (1980 até junho/2023), registra-se 1.124.063 casos de aids notificados. Destes, 382.521 vieram a óbitos no período compreendido entre 1980-2022. 

A Paraíba ocupa o quinto lugar em número de casos na Região Nordeste com um total de 11.443 casos de Aids notificados. No município de Campina Grande, segundo os Dados Básicos do Ministério da Saúde, foram notificados 1.335 no período compreendido entre 1980 e 2023. 


Fotos das ações recentes do Gav / Foto: Arquivo Pessoal

As pessoas que vivem com HIV/Aids ainda hoje sofrem estigma e exclusão social, violação direitos fundamentais de cidadania, na vulnerabilidade pessoal, social e institucional, o completo abandono, muitas vezes habitando comunidades periféricas e bolsões de pobreza. 

O sofrimento da sensação de morte iminente, atrelado a morte social precoce, o declínio físico, conflitos existenciais, condições econômicas precárias, sexualidade, além do sentimento de culpa, preconceito e discriminação, e os todos demais aspectos que perpassam a AIDS, também levam o indivíduo a ter todas as dimensões de sua vida atingidas de forma adversa e negativa.   

Ainda estamos vivendo uma disseminação crescente da infecção pelo HIV entre a população de baixa renda e de menor acesso aos serviços públicos de saúde e educação, o que revela uma progressiva pauperização da epidemia. 

- Vivemos com Aids; 
- A humanidade vive com Aids;
- Crianças nascem e crescem com o vírus;
- Há pessoas vivendo com o vírus; há pessoas doentes de Aids.

O atual Relatório da UNAIDS/2023chamado “Comunidades Liderando” alerta aos governos de todo o mundo para que fortaleçam as comunidades locais na luta pelo fim da AIDS. As comunidades têm um papel crucial na resposta ao HIV. No entanto, a falta de financiamento e a existência de poderosos entraves como desigualdades, estigma e discriminação impedem o trabalho das comunidades e, com isso, criam obstáculos para acabar com a Aids como ameaça à saúde pública. 


Fotos das ações recentes do Gav / Foto: Arquivo Pessoal

Em seu relatório, o UNAIDS faz uma chamada às lideranças globais para:

- tornar os papéis de liderança das comunidades essenciais em todos os planos e programas de HIV;
- financiar integral e confiavelmente os papéis de liderança das comunidades; e
- remover as barreiras aos papéis de liderança das comunidades

A GAV, entidade durante três décadas de existência, vem desenvolvendo ações em prol das pessoas vivendo com HIV/Aids em parceria com o SUS numa relação de complementariedade aos serviços públicos: facilitando o retorno dos usuários aos ambulatórios; acompanhando a evolução dos tratamentos; incentivando a adesão ao tratamento; trocando experiências com a comunidade e desenvolvendo ações em parceria com os serviços de saúde ainda existentes (Hospital Universitário Alcides Carneiro-HUAC e o Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS-SAE). 

Mas o GAV tem resistido às adversidades e lutado em defesa das pessoas vivendo com HIV/AIDS e seus familiares mesmo sem apoio do poder público: 

1. A entidade não dispõe de uma sede própria para realização de suas atividades (é alugada). 
2. Dificuldade de manutenção do chá positivo (encontro quinzenal onde são realizadas oficinas temáticas e aconselhamentos de pares para os assistidos). 
3. Os recursos captados são insuficientes para cobrir todas as despesas da entidade, como, por exemplo, aluguel, água, energia, material de expediente e didático-pedagógico, e manutenção do veículo. 

Para a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/aids, na promoção à autoestima, à cidadania, ao acesso e à adesão ao tratamento, reinserção ao mercado de trabalho e; para um tratamento mais humanizado e uma assistência mais qualificada dessas pessoas, o GAV tem contado com a disponibilidade de voluntários, apoiadores e parceiros abnegados que direta ou indiretamente, anônimos ou não, têm contribuído fortemente com o seu ativismo e sua militância. 

Só a comunidade fortalecida pelo poder público terá as devidas condições de salvar vidas, minimizar o impacto econômico e psicossocial e erradicar a Aids. Só a comunidade organizada permitirá o empoderamento das pessoas afetadas pelo HIV para que possam se sentir cuidadas e pertencentes a uma rede social com melhoria da qualidade de vida.
              
Parabéns a todos que fazem o GRUPO DE APOIO À VIDA – GAV.
VIVA A VIDA!!!

Coordenação Geral do GRUPO DE APOIO À VIDA – GAV, 12 de março de 2024


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Edição: Cida Alves