Neste 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, mulheres negras de vários movimentos de todo o país se reúnem para o lançamento nacional da II Marcha das Mulheres Negras, que vai acontecer em novembro de 2025, em Brasília (DF). O lançamento da II Marcha será híbrido e ocorrerá de forma simultânea em 22 cidades do país, com atividades presenciais, além de ocupações virtuais na França e na Argentina.
Na Paraíba, as mulheres negras realizam o Café das Pretas, nesta quinta-feira (21), na sede do Baque Mulher JP, no Centro Histórico de João Pessoa, com início às 16h. Performances artísticas, poesia marginal, rodas de diálogos e apresentações culturais farão parte da programação do ato. O lançamento da II Marcha faz parte da agenda do Março de Lutas.
“A Marcha tem o seu significado, pelo poder de mobilizar mulheres negras no período de preparação rumo à marcha. A gente tem a expectativa de que o ato seja grande. Como movimento de mulheres negras, a gente tem feito atos que visibilizem nossa luta. A partir desse momento [do lançamento], vamos criar um comitê impulsor do estado, reunindo outros municípios, para que a gente trabalhe, a partir desse comitê, até o dia da realização da marcha”, informa Terlúcia Silva, da Abayomi- Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, uma organização criada em 2016, no pós I Marcha, que ocorreu em 2015, em Brasília.
Durante o evento, as mulheres negras assistirão juntas a live de lançamento da II Marcha, a partir das 18h30, através da transmissão pelo canal do YouTube da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). A live reunirá ativistas negras de todo o país, trazendo um diálogo intergeracional com mulheres de diferentes organizações e territórios.
No momento da realização dos atos presenciais e da live, as organizações e ativistas negras farão inserções nas redes sociais individuais e de suas organizações com imagens e vídeos sobre o lançamento, assim como a Paraíba terá um espaço na live oficial para falar do evento no estado.
O tema da II Marcha ainda está, nacionalmente, em construção. Até agora, estão colocados o bem viver e a reparação. “Quando falamos em bem viver, estamos projetando uma sociedade que seja inclusiva, que considere e respeite a diversidade, que tenha planos, projetos e ações, que o governo esteja representado pela diversidade da sociedade, sobretudo, pela população negra, que os espaços de poder tenham pessoas negras”, explica Terlúcia Silva, da Abayomi- Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, uma organização criada em 2016, no pós I Marcha.
Em relação ao tema da Reparação, Terlúcia explana que ele engloba tanto o sentido material/simbólico quanto o imaterial. Ela comenta que o imaterial é o direito de ter a história contada, por exemplo da escravidão, como, realmente, aconteceu e não de forma romantizada.
Materialmente, a reparação envolve, de acordo com Terlúcia, a dívida que o Estado brasileiro tem com a população negra. “A gente precisa pensar que o Estado brasileiro tem dívida e quando falamos em dívida, estamos falando de recurso, de dinheiro. O Estado brasileiro deve indenização à população negra, que é descendente das pessoas que foram escravizadas. Esse debate da reparação é colocado nesse contexto para que a gente fortaleça a discussão e fortaleça a luta contra o racismo. A gente não consegue avançar, se a gente não tiver nossos direitos reparados”, evidencia.
As organizações da Paraíba que debatem e defendem a pauta racial e que estão envolvidas nesta mobilização de construção da II Marcha das Mulheres Negras são: Abayomi - Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, Movimento de Mulheres Negras na Paraíba, Candaces PB, Baque Mulher -JP, Sindicato Estadual das Empregadas Domésticas da Paraíba, Articulação Nacional formada por Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es), Nean Oju Obá, Marcha da Negritude Unificada, Organização de Mulheres Negras de Caiana do Crioulos, Grupo de Mulheres de Terreiro Yalode, Rede de Mulheres de Terreiro - PB, Clube de Mães do Aratu, Associação Cultural de Mulheres Capoeiristas na Paraíba, Rede Sapatá, Projeto Libertando Anastácia's.
História
A I Marcha das Mulheres Negras ocorreu no dia 18 de novembro de 2015, em Brasília (DF). Cerca de 100 mil mulheres negras estiveram reunidas contra o racismo, a violência e pelo bem viver. Da Paraíba, aproximadamente 150 ativistas participaram desse momento histórico que se tornou um marco político para o Movimento de Mulheres Negras do Brasil.
Março de Lutas
O lançamento da II Marcha das Mulheres Negras faz parte da agenda do Março de Lutas, por isso o 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, foi escolhido para o evento. O Março de Lutas agrega diversas outras datas além do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ele reverencia, por exemplo, figuras como Carolina Maria de Jesus, Abdias do Nascimento, Luiza Bairros e denuncia os assassinatos de Marielle Franco e Cláudia Silva Ferreira.
Programação
Data: 21/03/2024
Hora: Das 16h às 21h
Local: Praça Antenor Navarro S/N - Varadouro - Casarão Azul – Centro Histórico – João Pessoa/PB
16h - Afro chegança e acolhimento
17h - Abertura: Rede de Mulheres de Terreiro da PB com Grupo de Ogãns Asa Orin
17h15 - Performance Poética - Renálide Carvalho (JP)
17h25 - Performance Resistir para Existir - Suely Sousa (Itabaiana)
17h35 - Poesia Marginal - Priscila Rocha (CG).
17h45 - Performance Poética - Crys Pereira (JP)
17h50 - Roda de Diálogo - Marcha das Mulheres Negras 2015: Memória, afetos e luta! (Terlúcia Silva e Hildevânia Macedo)
18h20 - Café das Pretas
18h30 - Lançamento Nacional da Marcha das Mulheres Negras Rumo a 2025 (Projeção da Live)
19h40 - Encerramento: Apresentação Baque Mulher (JP)
*Com informações da Abayomi-PB
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Edição: Carolina Ferreira