O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas celebra, no próximo domingo (07), o Ato em Memória dos Mártires da Luta pela Terra. O evento acontece a partir das 14h, na sede do Memorial, na comunidade Tradicional de Barra de Antas, Sapé/PB.
O lema deste ano é: "Pelo Direito à Memória, Reforma Agrária e Democracia"
O Ato, que é realizado anualmente desde 2010, surgiu na perspectiva de fazer a denúncia além de homenagear a memória de João Pedro Teixeira. Porém, após o cinquentenário do assassinato do líder campesino, a celebração passou a envolver os principais mártires da luta pela terra, assassinados na defesa dos direitos do povo camponês: Nego Fuba (João Alfredo Dias), Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo), Margarida Maria Alves, dentre outras/os.
O Memorial reitera 2024 como um ano repleto de diversas datas simbólicas que necessitam serem lembradas.
“O 31 de março marca com muita tristeza, traumas, ameaças e dor a vida da sociedade brasileira. É o dia em que completa 60 anos do Golpe Civil Militar no nosso país. Durante o golpe, e até antes dele, a realidade camponesa era ainda mais dura que os dias atuais. A perseguição, tortura, medo, morte assombravam nossos camponeses que lutavam por melhores condições de vida no campo”, descreve, em nota, nas redes sociais.
Nos 60 anos do golpe civil-militar do nosso país, é importante lembrar que Sapé, cidade berço de um dos maiores conflitos das Ligas Camponesas da Paraíba, foi uma das primeiras cidades a serem sitiadas, devido ao grande movimento das Ligas Camponesas que gritavam por "AGRÁRIA, NA LEI OU NA MARRA" e “lutavam contra a estrutura que os aprisionavam e matavam. Tentaram e tentam acabar, negar o levante e a potência da Classe Camponesa. Até hoje não há números exatos de quantas foram as vítimas. No último estudo feito por Gilney, que compõe a Comissão Camponesa Nacional da verdade, foram mais de 1600 camponeses vítimas da ditadura, mas sabemos que é muito mais”.
Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas destaca a importância do líder camponês João Pedro Teixeira, que foi assassinado em 1962.
“Todo mês de abril a gente realiza a celebração dos Mártires da Luta Pela Terra, culminando no 02 de abril por ser o dia em que João Pedro Teixeira, que é hoje considerado Herói Nacional, foi assassinado. Este ano, a gente vai estar fazendo a memória do golpe civil-militar, para que nunca mais aconteça, relembrando os 62 anos do martírio de João Pedro Teixeira, e associando isso a todas as violências ocorridas, na qual tombaram camponeses no campo - por isso o nome Celebração dos Mártires, porque ultrapassa Joao Pedro Teixeira, e faz memória a esses outros mártires do passado, mas também do presente”, explica ela.
A partir de 2023, o 02 de abril foi instituído como o Dia Estadual e Municipal da Memória Camponesa.
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“Precisamos fazer, Inclusive, essa memória, e garantir que todos os paraibanos, sapeenses, camponeses, camponesas, brasileiros conheçam a história das Ligas Camponesas, e saibam a dimensão que foi a Liga. Pela bandeira que reivindicavam da ‘reforma agrária na lei ou na marra’, isso serviu como instrumento para justificar o golpe de 64, pelo medo do Brasil se tornar uma nova Cuba - a partir do movimento da Revolução, como eles diziam que havia no campo, com os camponeses na luta pela terra. Então, esse momento vai fazer memória a essas ações, tanto de denúncia com relação ao golpe de 1964, quanto de resistência dos camponeses e camponesas que sobreviveram e que lutam, ainda hoje, por melhores condições de vida no campo”, explica Alane Lima.
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A celebração contará com uma série de atrações culturais como o Coral Voz Ativa; a Banda Santa Cecília, de Sapé - considerada patrimônio municipal; os violeiros Soledade e Oliveira de Panelas e o grupo de Jovens de Jacaraú.
“Será um momento de resistência muito bonito. estaremos com os movimentos sociais do campo, com a Comissão pastoral da Terra, o Movimento Sem terra, a Secretaria de Educação do Município de Sapé, o Governo do Estado e a Adufpb para estar realizando esse momento que, para a gente, é de extrema importância”, complementa Alane.
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Edição: Cida Alves