Paraíba

CATEGORIA EM LUTA

Em um segundo dia consecutivo, motoboys de João Pessoa voltam a se mobilizar contra dono de academia; PM e Choque utilizam a força

'Não bastasse a truculência do agressor do motoboy, vem agora a PM terminar de potencializar esse teatro de horrores'

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Foto: Internet

Em um segundo dia consecutivo de protestos, motoboys de João Pessoa voltam a se mobilizar contra dono de academia, em João Pessoa no bairro do Cuiá. O protesto teve início após um caso de agressão a um entregador na última quarta-feira (1). Segundo relatos, e vídeo que circula na internet, um cliente teria agredido o motoboy durante uma discussão.O incidente gerou revolta entre dezenas de motoboys, que protestaram em frente à academia de ginástica onde ocorreu a agressão.

Além de protestar contra o caso de agressão, os manifestantes também denunciaram truculência por parte da Polícia Militar contra a categoria.

No primeiro dia de protesto, uma guarnição do 5º Batalhão de Polícia Militar (5º BPM) foi chamada para intervir, além da Tropa de Choque  contra os manifestantes.

E no segundo dia, os motoboys fecharam uma das vias principais do Cuiá, e a Polícia Militar foi novamente acionada. Houve confronto entre os manifestantes e a polícia, que usou gás de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão. Um motoboy foi preso sob suspeita de lançar uma bomba do tipo cordão contra os policiais.

Léo Martins, presidente do Conselho Municipal dos Entregadores por aplicativos, pediu respeito à categoria, destacando que a violência contra os motoboys é uma situação cotidiana. Ele ressaltou que o caso que motivou o protesto ocorreu no Dia do Trabalhador, quando um motoboy foi agredido após uma cliente se recusar a fornecer o código de validação da entrega.

Leo conta que nesta quarta-feira (2) o batalhão de Choque chegou com quatro viaturas atirando bombas de borracha e de gás lacrimogêneo.

“Além de ter passado aquele dia primeiro de maio, os motoboys passaram por uma situação de agressão, ainda tivemos mais constrangimentos. No dia que estava todo mundo com os ânimos à flor da pele, foram na casa do possível acusado, e chegando lá, já havia uma mega operação com mais de oito viaturas da Polícia Militar, batalhão de Choque, inclusive disseram que era para proteger a nossa integridade. A gente até concordou em determinado ponto, e alguns motoboys foram para a frente da academia. Chegando lá, estava tendo um diálogo para todo mundo se acalmar, para todo mundo dispersar e, em seguida, o batalhão de choque chegou com quatro viaturas atirando bombas de borracha e de gás lacrimogêneo” 

Queremos continuar sendo heróis, assim como a gente foi na pandemia. Muitos restaurantes não fecharam as portas por conta da gente

Leo Martins relata que tem circulando um vídeos na internet  onde um motoboy, que sequer estava na frente da academia, estava parado sem oferecer nenhum tipo de risco, recebeu ordem de um policial  para sair do local, e assim que subiu na moto, o policial deu dois tiros de borracha nas costas do trabalhador. 

“Isso gerou uma revolta muito grande porque, se brincar, o rapaz não estava nem participando do movimento, e a  polícia vir nos tratar dessa forma, como se fôssemos bandidos. Inclusive, também, a polícia militar estava fazendo segurança particular da academia. Desde ontem, três ou quatro viaturas ficaram em frente à academia, fazendo a segurança. Ano passado fui assaltado e precisei da viatura que demorou quase 40 minutos para chegar. E, tanto no dia primeiro, como no dia de ontem, foi toda a polícia mobilizada, como se nós fôssemos bandidos ou delinquentes”, comenta ele.

A tropa de choque chegou atirando em todo o mundo.

Sobre o trânsito, Léo conta que no início do protesto, o Comandante pediu para o grupo permanecer na calçada para não atrapalhar o tráfego.

“Nós dissemos que ia ser um protesto pacífica, e então colocaram um cone para resguardar a gente de acidente. Então, foi autorizado pela polícia militar os cones. A gente queria que o possível acusado fizesse um vídeo pedindo desculpa, e quando ele fez, nós encerramos a nossa parte e saímos do local. Infelizmente, depois, um grupo entrou em um pequeno confronto e jogou uma bomba na polícia, mas nós, enquanto categoria, não estávamos mais lá, e nem tampouco somos de acordo com o que aconteceu no final desse processo. Acabou que teve uma troca de bala, mas foi alguma pessoa que jogou uma bomba contra a polícia militar”, ressalta ele.

Segundo ele, o real objetivo dessa mobilização "foi alertar a população de que quando a gente finaliza dentro do aplicativo, a gente precisa do código, até para a segurança da gente. É preciso, para não poder violar a embalagem, mostrar ao cidadão que são regras do aplicativo”.

“A gente também queria alertar que, quando há um atraso, o cliente pode verificar dentro do aplicativo, porque muitas vezes, o atraso não é nosso, é do restaurante. Dizer também para a população que somos pais e mães de família, estamos trabalhando e correndo risco no trânsito. Queremos continuar sendo heróis, assim como a gente foi na pandemia. Muitos restaurantes não fecharam as portas por conta da gente, queremos continuar sendo heróis e levar o nosso serviço para a população, seja comida, medicamento”

E finaliza: “Também pedimos para a polícia respeitar a nossa categoria. A gente tem o maior respeito pela polícia militar e pedimos que também hajam essas operações no dia a dia, quando algum motoboy ou motogirl seja roubado, que tenham a prontidão da polícia militar como teve nesses dois dias para o dono da academia”.

Alexandre Soares, Advogado Popular e militante do PSol, destacou: "Faremos uma representação à Corregedoria da PM na Paraíba. Os policiais militares presentes e envolvidos nesse episódio de truculência apequenaram a corporação. Não bastasse a truculência do agressor do motoboy, vem agora a PM terminar de potencializar esse teatro de horrores. É simplesmente inacreditável como às forças de repressão do Estado tem direcionamento certo. Ontem os rolezinhos e as batalhas de rap, hoje os protestos dos boy de motoca. A quem serve mesmo a PM?", qestiona ele.

Tanto o motoboy quanto o dono da academia foram intimados pela Polícia Civil da Paraíba para prestar esclarecimentos na Central de Polícia, no Geisel. As investigações ficarão a cargo da 4ª Delegacia Distrital.


Apoie a comunicação popular, contribua com a Redação Paula Oliveira Adissi do Jornal Brasil de Fato PB

Dados Bancários
Banco do Brasil - Agência: 1619-5 / Conta: 61082-8
Nome: ASSOC DE COOP EDUC POP PB

Chave Pix - 40705206000131 (CNPJ)

 

Edição: Cida Alves