18 de maio é o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, movimento que defende os direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro dessa luta está o combate à ideia preconcebida de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental em nome de tratamentos. Na Paraíba, o músico João Cassiano, mais conhecido como Cassicobra, tem se destacado com o ciclo de formação e atendimento “Rumo à liberdade louca”.
Nesse projeto, ele usa a arte com organizações parceiras como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), universidades e organizações ativistas para tratar pessoas em sofrimento psíquico, indivíduos que fazem uso abusivo de drogas, como também para formar multiplicadores.
“Rumo à liberdade louca” garantiu destaque a Cassicobra na Premiação Cultura Viva - Sérgio Mamberti, edital de fomento lançado pelo Ministério da Cultura (MinC), através da Secretaria da Cidadania Diversidade Cultural (SCDC). O resultado traz o paraibano como o primeiro colocado dentre os projetos da região Nordeste na categoria Agente Cultura Viva de Saúde Mental.
Em uma trajetória de 14 anos, Cassicobra tem usado a arte no contexto da saúde mental e de redução de danos, uma importante abordagem do SUS para lidar com problemas relacionados ao abuso de drogas. "Em outras épocas", explica o artista, "essas pessoas que recebem tratamento no CAPS estariam trancafiadas em manicômios. Hoje a gente entende que o cuidado deve ser feito com esses indivíduos em liberdade e indo além dos medicamentos, psicólogos, psiquiatras. É aí que entra a arte. Até porque, muitas vezes, a pessoa consegue expressar seus sentimentos através da música, da pintura ou da performance de maneira mais fácil do que verbalizando seu sofrimento. A minha função é contribuir com o processo de colocar para fora".
A iniciativa premiada de Cassicobra é um exemplo da luta antimanicomial que promove o protagonismo e integração de todos durante o tratamento, enquanto, também, desmistifica preconceitos.
O ciclo formativo “Rumo à Liberdade Louca” já contou com oito encontros desde abril e tem mais duas vivências com usuários dos CAPs programadas antes do seu encerramento.
A história da luta antimanicomial
A origem da reforma do sistema de saúde mental está associada ao psiquiatra italiano Franco Basaglia. Durante os anos 60, enquanto dirigia o Hospital Psiquiátrico de Gorizia, Basaglia testemunhou diversos abusos no tratamento de distúrbios mentais. Ele observou que a internação em hospitais psiquiátricos e o isolamento só pioravam a situação dos pacientes. Por isso, propôs mudanças drásticas nas abordagens terapêuticas. Esse movimento deu origem à luta antimanicomial.
No Brasil, o movimento ganhou força no final da década de 70, quando profissionais da saúde mental denunciaram abusos em instituições psiquiátricas. A figura de Nise da Silveira ganhou destaque, como psiquiatra que defendia tratamentos humanizados, criticava métodos violentos, como o eletrochoque e introduziu tratamentos que envolviam contato com animais domésticos e expressões artísticas.
O Movimento Sanitário e o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental lideraram a iniciativa, envolvendo também familiares de pacientes. Em 18 de maio de 1987, foi realizado um encontro que consagrou essa data como o Dia da Luta Antimanicomial no Brasil.
Apoie a comunicação popular, contribua com a Redação Paula Oliveira Adissi do Jornal Brasil de Fato PB
Dados Bancários
Banco do Brasil - Agência: 1619-5 / Conta: 61082-8
Nome: ASSOC DE COOP EDUC POP PB
Chave Pix - 40705206000131 (CNPJ)
Edição: Carolina Ferreira