Os ex-presos políticos José Calistrato Cardoso Filho e José Emilson Ribeiro da Silva são os convidados do 9º episódio da série "60 Anos do Golpe: por Memória, Verdade e Justiça" que a Rádio Tabajara FM (105,5 MHz) leva ao ar nas segundas-feiras, às 17 horas, desde o dia 1º de abril.
Neste episódio, os convidados contam como ambos atuaram na luta armada, foram presos, torturados e condenados, e de forma grandiosa, persistiram na militância, mesmo após todo o suplício.
É fundamental a luta pela verdade e pela memória das vítimas. Falar dos 60 anos do golpe não é apenas preciso; é necessário - Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça,
Na série, excepcionalmente, Calistrato e Emilson participam de dois episódios. Eles narram as ações armadas das quais participaram na luta contra a ditadura. E na próxima segunda-feira (3), contam como, mesmo presos e torturados, continuaram a militância contra o regime militar.
A série "60 Anos do Golpe: por Memória, Verdade e Justiça" é veiculada no programa "Tabajara conta a História", numa produção do Memorial da Democracia da Paraíba em parceria com o Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça e a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).
A produção e apresentação é do jornalista Carmélio Reynaldo, professor aposentado da UFPB e membro do Observatório Paraibano de Jornalismo.
Os oito episódios anteriores da série estão disponíveis nos canais da Rádio Tabajara e nas plataformas de Podcast.
Revista ‘Lembrar para não esquecer’
A Ditadura Militar no Brasil, instaurada em 1 de abril de 1964, foi um período sombrio e marcante na história do país. Entre censura, repressão, supressão de direitos políticos e violações de direitos humanos, o regime deixou um legado que resvala na nossa democracia até os dias atuais.
Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar para a Rede TV, em 27 de fevereiro último, o presidente Lula afirmou que seu governo não pretendia pautar o tema dos 60 anos do golpe, “porque deseja olhar para o futuro, não remoer o passado".
No período em que o país foi regido pelos militares, sem eleições diretas e sem garantias políticas, ocorreram oficialmente 434 mortes e desaparecimentos de opositores do regime, segundo a CNV. Há indícios de que o número real seja muito superior – apenas no campo, o quantitativo deve passar dos 1.600. O número de pessoas torturadas durante a ditadura militar, segundo estudo divulgado pela Human Rights Watch em 2019 teria sido superior a 20 mil - Reportagem da Agência Pública
Na ocasião, a ‘Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia’, entidade que representa vários grupos defensores dos Direitos Humanos lançou nota e classificou a fala do presidente como equivocada:
“Gostaríamos de convidar o governo e a sociedade civil a refletir sobre a questão. Queremos começar destacando que falar sobre os 60 anos do golpe de Estado não se trata de remoer o passado. Pelo contrário, trata-se de colocar em debate o que queremos para o futuro do Brasil”.
Na contramão do enunciado presidencial, o jornal A União lançou em (06/04) a revista ‘Lembrar para não esquecer – 60 anos do golpe de 1964’. A revista foi organizada por Lúcia Guerra, professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Waldir Porfírio, integrante da Comissão da Verdade da Paraíba, e Alexandre Macedo, da Editora A União (EPC), parceira da publicação.
A publicação da revista surgiu concomitantemente ao Programa, pelo desejo do grupo de veicular as histórias em formato escrito (Revista), e também em radiodifusão e em Podcast.
Para Carmélio, esta é a primeira vez que uma emissora do porte da Tabajara FM veicula esse tipo de conteúdo, para além das TVs e rádios educativas ou comunitárias: “Este programa é marcante porque estreou nos 60 anos do Golpe. É um projeto que foi abraçado por uma grande emissora de rádio no estado, uma das principais. Acho que isto é inédito no Brasil”.
Ele conta que serão 17 programas até o final de julho, com recesso apenas no São João. “Os temas foram discutidos coletivamente; foi feita uma lista, e em seguida começamos a fazer contato com as pessoas, e estamos na produção”. O programa vai ao ar toda segunda-feira, às 17 horas.
“Eu acho que esse exemplo deveria ser seguido por todas as emissoras do país, tanto as públicas quanto as comerciais. Está na hora de elas começarem a fazer alguma coisa para que nunca mais aconteça”, destaca o professor.
Episódios anteriores
Os episódios foram combinados entre o grupo, e envolve setores da sociedade atingidos pela ditadura militar como as Ligas Camponesas, Mortos e Desaparecidos pela Ditadura, Atuação da Igreja Católica, Movimento Estudantil e Mulheres na Resistência à Ditadura, além de militantes de partidos políticos considerados de esquerda. Até agora foram publicados nove episódios. Acompanhe as sinopses:
Episódio #8: “Resistência e Repressão do Movimento LGBTQIAPNB+ na Ditadura”. Com participação de Cléber Ferreira Silva, Coordenador do Movimento do Espírito Lilás (MEL), entidade de defesa dos direitos da comunidade LGBTQIAPNB+, e Luciano Queiroz, professor da Unidade Acadêmica de História da Universidade Federal de Campina Grande.
Episódio #7: “Mulheres na Resistência à Ditadura”- Dentre as tantas pessoas mortas, desaparecidas, presas e torturadas pela ditadura, estão muitas mulheres, inclusive jovens recém saídas da adolescência, que se engajaram na luta, sacrificando a vida pessoal. Neste episódio são entrevistadas: Lourdes Meira, militante que foi presa como subversiva e, depois da liberdade, teve que viver muitos anos na clandestinidade enquanto sua família dava-a como morta; e a professora e pesquisadora Susel Oliveira, da Universidade Estadual da Paraíba, autora do livro “Mulheres, Ditaduras e Memórias”.
Episódio #6: “Movimento Estudantil na Paraíba durante a Ditadura”. Os convidados são Manoel Campos e Romero Antônio, que participaram ativamente do movimento tentando mantê-lo vivo apesar da perseguição aos integrantes, com prisões, torturas e assassinatos.
Episódio #5: “Igreja Católica Progressista na Paraíba Durante a Ditadura”. Com participação do professor José Ramos Barbosa da Silva, do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, e da jornalista Thâmara Duarte. José Barbosa, além de ter atuado em atividades de educação popular e de difusão dos direitos humanos realizados pela Diocese de Guarabira (PB) durante a gestão de Dom Marcelo Carvalheira, também dedicou-se a estudar essas ações no seu Mestrado em Educação. Já Thâmara estudou, para o mestrado em Direitos Humanos, na UFPB, a criação do primeiro Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Brasil, pela Arquidiocese da Paraíba, na gestão de Dom José Maria Pires.
Episódio #4: “Ligas Camponesas na Paraíba Durante a Ditadura”. Para este episódio, foram convidadas a Presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, Alane Lima, e a professora Iranice Muniz, que coordenou o grupo de trabalho sobre a repressão aos camponeses na Comissão Estadual da Verdade da Paraíba. Iranice Muniz, que também é advogada com atuação em defesa dos movimentos pelo direito à terra, narra a luta das Ligas Camponesas – da criação à extinção, destacando as lideranças de: João Pedro Teixeira, Nego Fuba e Pedro Fazendeiro. Já a pedagoga Alane Lima, jovem liderança surgida do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra, fala sobre o Memorial que dirige, localizado no sítio Barra das Antas, município de Sapé, na casa onde residia a família de João Pedro e Elizabeth Teixeira.
Episódio #3: “Mortos e Desaparecidos Políticos Durante a Ditadura” - No episódio , o historiador Herbert de Andrade Oliveira e o advogado Waldir Porfírio, que integraram a Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória do Estado da Paraíba, abordam o tema ‘Mortos e Desaparecidos Políticos’.
Episódio #2: Na continuação, o episódio 2 conta com as participações dos professores: Monique Cittadino e Paulo Giovani, ambos integrantes do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba. Monique fez parte da Comissão da Verdade do Município de João Pessoa e Paulo foi Presidente da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba.
Episódio #1: "Por Que rememorar o Golpe de 1964", contou com a participação da professora Lúcia Guerra, historiadora, que integrou a Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba; e do professor de Ciências Políticas na UFPB Rodrigo Freire, que presidiu a Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa.
Acesse todos os episódios: Spotify - https://open.spotify.com/episode/0bPu6yujPYqEYAKxHLy0iK?si=HOYEVLHbRJiH82QTuD6vKg
Deezer: https://deezer.page.link/hZb6TfYrnhBAR6RX7
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Edição: Cida Alves