Na próxima quinta-feira (17), o ex-presidente Jair Bolsonaro estará ao lado do ex-ministro da Saúde e candidato a prefeito de João Pessoa, Marcelo Queiroga (PL), em uma carreata. O evento terá início ao meio-dia, com concentração no estacionamento do Estádio Almeidão. O percurso pelas ruas da cidade ainda não foi detalhado.
Queiroga disputa o segundo turno das eleições contra o atual prefeito e candidato à reeleição, Cícero Lucena (PP). A campanha de Queiroga aposta na polarização política, trazendo a disputa entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro para o cenário municipal.
No primeiro turno, Cícero Lucena obteve 49,16% dos votos válidos, enquanto Queiroga ficou com 21,77%. A votação do segundo turno será realizada no dia 27 de outubro.
Marcelo Queiroga foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro, assumindo o cargo no auge da crise pandêmica. Envolvido em diversos problemas e polêmicas, destacamos a seguir algumas das principais marcas de sua gestão durante esse período.
Gestão como ministro da Saúde
Marcelo Queiroga era presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e assumiu o Ministério da Saúde durante o governo Bolsonaro no pior momento da pandemia. Ele foi o quarto a ocupar o cargo desde o início da crise de Covid-19, sucedendo Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e o general Eduardo Pazuello, do Exército - este mesmo não tinha carreira médica e estava desgastado por sua atuação durante a pandemia, com a demora para a compra de vacinas e a falta de oxigênio em Manaus (AM). O presidente Bolsonaro procurava um nome técnico para assumir a pasta, mas que também fosse alinhado ao seu discurso.
Queiroga obteve sua nomeação anunciada por Bolsonaro em 15 de março de 2021. Quando assumiu, o Brasil contabilizava cerca de 279 mil mortes pela doença. Um ano depois, em março de 2022, esse número já havia saltado para 650 mil. Durante sua gestão, o país enfrentou o mês mais letal da pandemia, com 81.253 óbitos registrados em março de 2021. No pior dia da crise, 29 de março de 2021, o Brasil perdeu 3.478 vidas.
Na ocasião e de acordo com a plataforma Our World In Data, da Universidade Johns Hopkins, o Brasil era o segundo país com maior número de mortes por Covid-19 (649.922, nas contas da ferramenta), atrás apenas dos EUA (952.423) e à frente de países como Índia (514.246), Rússia (345.247) e México (318.531).
Ao tomar posse, menos de 10% da população havia recebido a primeira dose da vacina, com apenas os imunizantes da AstraZeneca e da CoronaVac disponíveis no país. Foi também nesse período que o governo finalmente fechou acordos para a compra das vacinas da Pfizer e da Janssen.
Campanha pelo uso de máscara e polêmicas
Queiroga inicialmente promoveu uma campanha a favor do uso de máscaras, pedindo que a população adotasse a medida. “Agora é ‘pátria de máscara’. É um pedido que faço a cada um dos brasileiros: usem a máscara”. Contudo, alinhou-se posteriormente ao discurso de Bolsonaro, criticando a obrigatoriedade do uso e defendendo que deveria ser uma escolha pessoal. “Primeiro, nós somos contra essa obrigatoriedade. O Brasil tem muitas leis, e as pessoas, infelizmente, não observam. O uso de máscaras tem de ser um ato de conscientização. O benefício é de todos e o compromisso é de cada um”, afirmou Queiroga.
Além disso, se posicionou contra a obrigatoriedade da vacinação, tanto para adultos quanto para crianças, e passaporte vacinal, e evitou comentar sobre o "kit Covid", que incluía medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.
Polêmicas sobre a vacinação infantil
Em fevereiro de 2022, ao ser questionado sobre a vacinação de crianças, Queiroga declarou que o governo não havia atrasado a compra de vacinas. Ele afirmou que vacinar crianças era diferente de vacinar adultos e que a aplicação não poderia ser forçada. “Eu mesmo tive a oportunidade de vacinar crianças em Brasília. Às vezes, você tem que convencer a criança a se vacinar. Ninguém vai pegar uma criança à força, ir lá aplicar uma vacina com a criança berrando, não dá”,, comentou o ministro.
Queiroga também minimizou as críticas sobre o atraso na vacinação, respondendo com frases como "a pressa é inimiga da perfeição", e criticou a imprensa por questionar o governo a respeito da demora na imunização. “É mais importante avançar na terceira dose do que ficar nesse 'nhem nhem nhem' de vocês de que a gente está atrasando doses de vacinas. O povo brasileiro sabe que não estamos atrasando vacinas”.
"A pressa é inimiga da perfeição"
Mesmo em meio a urgência da vacinação infantil, no dia 20 de dezembro de 2021, Marcelo Queiroga afirmou que a decisão sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 seria tomada apenas em janeiro de 2022, após audiência pública marcada para o dia 4.
Quando questionado sobre a antecipação da discussão, Queiroga ressaltou que "a pressa é inimiga da perfeição" e que a segurança seria a prioridade.
O ministro mencionou que a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) ainda não havia formalizado sua recomendação favorável à vacinação infantil. Além disso, ele solicitou à Anvisa o processo completo que havia levado à aprovação da vacina para essa faixa etária.
O Estatuto da Criança e do Adolescente é categórico: a vacinação das crianças é obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. A partir do momento que a agência sanitária e o próprio Ministério da Saúde recomendam determinada vacinação, ela passa a ser obrigatória. A única exceção é se existirem pareceres, laudos, receitas de que determinada vacina possa gerar risco para alguma criança. Desde 1977, o Programa de Nacional de Imunizações prevê uma lista de vacinas obrigatórias, que vem sendo atualizada ao longo dos anos.
Participação na CPI da Covid
Queiroga foi convocado duas vezes para depor na CPI da Covid, que investigou a gestão da pandemia. Em seu primeiro depoimento, ele evitou se posicionar contra Bolsonaro e se esquivou de perguntas sobre o uso da cloroquina. No segundo depoimento, em junho de 2021, admitiu que o tratamento precoce com cloroquina e ivermectina não tinha eficácia comprovada.
O relatório final da CPI recomendou o indiciamento de Queiroga por epidemia com resultado morte e prevaricação, entre outros crimes. A CPI também pediu o indiciamento de 77 pessoas, além de duas empresas.
Gesto obsceno e reação pública
Durante uma visita a Nova York em setembro de 2021, Queiroga protagonizou um episódio polêmico ao fazer um gesto obsceno para manifestantes que protestavam contra Bolsonaro. Dentro de uma van, ele mostrou o dedo médio para o grupo, que respondia com críticas e insultos. O incidente ocorreu durante a visita de Bolsonaro à cidade para a Assembleia Geral da ONU.
O ex-presidente também ironizou os manifestantes nas redes sociais, chamando-os de "acéfalos". O episódio gerou repercussão tanto no Brasil quanto no exterior, intensificando as críticas à gestão do governo brasileiro frente à pandemia.
Conflitos com estados e o Tribunal Permanente dos Povos
Queiroga criticou repetidamente governadores e prefeitos que tomaram decisões independentes do Ministério da Saúde no combate à pandemia. Sua maior divergência foi com o governo de São Paulo, liderado por João Doria, especialmente em relação à vacina CoronaVac, que Bolsonaro inicialmente se recusou a adquirir, mas posteriormente comprou.
Em agosto de 2022, o Tribunal Permanente dos Povos (TPP) condenou Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade pela condução da pandemia no Brasil. O TPP foi criado em 1979 para julgar crimes contra minorias e violações de direitos humanos.
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Edição: Cida Alves