Com 88 anos de idade, o fotojornalista Evandro Teixeira faleceu nessa segunda-feira (4), no Rio de Janeiro, devido a complicações de uma pneumonia, causando falência múltipla de órgãos, como informado por seus familiares. O fotojornalista foi responsável por inúmeras fotografias notórias da ditadura militar brasileira, e é uma referência inigualável na área, deixando para posterioridade um denso e impactante acervo fotográfico repleto de lembranças de tempos sombrios e de momentos afetuosos, capturados de forma única por suas lentes.
Nascido na pequena cidade de Irajuba (BA), iniciou sua carreira em 1954 como fotógrafo no jornal Diário de Notícias em Salvador. Traçando sua carreira entre revistas e jornais, passou a percorrer o país até a América Latina, construindo seu legado como fotojornalista. Dos acontecimentos que Evandro registrou destacam-se a Ocupação do Forte de Copacabana (1922), o Golpe Militar de 1964, Passeata dos Cem Mil (1968), Funeral de Pablo Neruda (1973), Primeiro Rock In Rio (1985), entre outros momentos históricos que foram eternizados através da sua câmera.
Seu longo caminho de carreira, com cerca de sete décadas, foi marcado por arriscar fazer o impossível virar uma possibilidade fotográfica “em momento algum achei que não poderia fazer, sempre pensei ‘eu estou aqui para fazer, então vou fazer, eu estou aqui para ver ele, então vou vê-lo’. Sempre, em toda a minha vida de fotógrafo, procurei momentos marcantes e sempre estava ali para o que tinha que ser feito, falar a verdade”, disse Evandro em entrevista ao Le Monde Diplomatique Brasil, sobre fotografar o enterro de Pablo Neruda.
Seu falecimento tocou as pessoas em todo o país. Em nota oficial publicada no site gov.br, o presidente Lula da Silva expressou pesar pela perda dessa referência de fotojornalismo no nosso país e no mundo, com os dizeres: “Com mais de 70 anos de carreira, Evandro registrou momentos históricos como o período da ditadura militar no Brasil. É de sua autoria uma das fotos mais emblemáticas desse período: a Tomada do Forte de Copacabana, de 1964. Evandro deixa um acervo de mais de 150 mil fotos, com imagens que fazem parte da história do Brasil. Cobriu posses presidenciais, registrou a fome, a pobreza, esportes, personalidades e a cultura do nosso país.”
O corpo do fotógrafo foi velado em cerimônia aberta que ocorreu na manhã desta terça-feira (5), no Rio de Janeiro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, local esse que faz parte do acervo do fotógrafo com as imagens icônicas da Passeata dos Cem Mil em 1968.
Com homenagens e o respeito compartilhado por muitos, o sentimento que se instaura é a dor da perda de um olhar tão cuidadoso para o mundo, com a certeza de que seus trabalhos estão sendo apreciados com muito carinho, admiração e que sua existência faz parte da história, portanto, jamais deverá ser esquecida.
Para saber mais da história de Evandro Teixeira, assista ao documentário Instantâneos da Realidade, do diretor Paulo Fontenelle, lançado em 2003:
*Estagiária sob supervisão de Carolina Ferreira
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Edição: Carolina Ferreira