Paraíba

MOVIMENTO SOCIAL

Mãos Solidárias: uma rede de organização popular que vem fortalecendo comunidades e periferias na grande João Pessoa

Projeto vem atuando nas periferias urbanas construindo uma rede nacional de solidariedade

João Pessoa - PB |
Foto: Débora Mendonça - Imagem Reprodução

Desde a pandemia de COVID-19, o Projeto Mãos Solidárias tem se destacado como uma rede de solidariedade e organização popular em todo o Brasil. Em João Pessoa, o foco no fortalecimento de comunidades e periferias tem resultado em diversas ações, que vão desde a arrecadação de alimentos para cozinhas populares até iniciativas culturais como a Geoteca. Além disso, o projeto tem promovido mobilizações, formação de agentes comunitários de saúde, ações educativas, hortas comunitárias, bancos populares, debates e uma série de ações sociais e culturais, sempre com o objetivo de promover a transformação social e a organização das comunidades.

Durante a pandemia, a ação solidária foi responsável pela distribuição de máscaras, cestas básicas, marmitas com refeições, além de ter contribuído para a criação de hortas comunitárias voltadas à produção de alimentos. Também formou agentes populares de saúde para educar e cuidar da população nas comunidades, orientando sobre as formas de prevenção contra o coronavírus.

Ao longo dos últimos quatro anos, o projeto ampliou suas parcerias, possibilitando a distribuição de mais de 1,6 milhão de marmitas, o que totalizou 1.300 toneladas de alimentos arrecadados, além da formação de mais de 1.500 agentes populares. A rede de colaboradores é composta pelo MST, Armazém do Campo, CUT, Fetape, ASA, Fiocruz, movimentos de juventude e luta por moradia, universidades públicas e privadas, além das igrejas protestantes e a Igreja Católica.


Reprodução / Imagem Reprodução

Atuando em parceria com a UFPB e outros movimentos sociais, na Paraíba, o projeto vem buscando aglutinar e construir pautas no enfrentamento às desigualdades sociais, além de promover a criação de vínculos duradouros com a classe trabalhadora, contribuindo para a transformação social nos territórios mais vulneráveis.


Foto: Engels França / Imagem Reprodução

O Projeto nacionalmente nasceu da necessidade de amenizar a fome das famílias nas grandes cidades e, a partir da união de diversas mãos em torno de campanhas de solidariedade, conseguiu arrecadar dezenas de toneladas de alimentos para serem doados às famílias confinadas em casa durante a pandemia de COVID-19. 


Reprodução / Imagem Reprodução

Essa experiência, embora muito dolorosa pela perda de tantas vidas para o vírus, também revelou a beleza e a riqueza do sentimento de solidariedade entre as pessoas, além de trazer aprendizados valiosos. É o que comenta Débora Mendonça, da Coordenação Estadual do Mãos Solidárias.

"A fome não se encontra somente na ausência da comida no prato; ela também existe por diversos esferas: é a fome da saúde, a fome por educação, é a fome por cultura, a fome de melhorar sua vida. E aí um conjunto de movimentos sociais voluntários começaram a debater como é que nós íamos nos somar a essas lutas locais nas grandes cidades, e fazer a disputa de ideias porque é preciso ajudar o povo a se organizar para poder lutar pelos seus direitos", destaca Débora.

Segundo ela, a partir desse momento um conjunto de movimentos sociais e voluntários começou a debater formas de contribuir para as lutas locais nas grandes cidades e promover a organização popular.

O Projeto Mãos Solidárias nasceu com o objetivo de somar forças nos territórios e, por essa razão, foi nacionalizado. Hoje, está presente em todos os estados brasileiros, incluindo João Pessoa


Reprodução / Imagem Reprodução

Atuação na capital
 

O Projeto é composto por movimentos sociais e voluntários, contando também com uma grande parceria com a UFPB. Entre os principais projetos parceiros estão:

  • O povo cuidando do povo (extensão em saúde) - UFPB;
  • Observatório do Campo e Cidade - UFPB;
  • Projeto de extensão e nutrição - UFPB;
  • Projeto Saciar - UEPB;


Reprodução / Foto: Carla Batista - Comunicação MST/PB

Formado por uma brigada diversa de quase 100 pessoas, incluindo jovens, população negra, LGBTQIA+ e outros grupos que refletem a diversidade social, o coletivo está comprometido em realizar ações em João Pessoa e na região metropolitana. Desde o meio do ano foram iniciadas campanhas de arrecadação de alimentos para abastecer cozinhas populares solidárias em diversos territórios. Além disso, abriram as portas da 'Geoteca', uma biblioteca popular solidária, cuja primeira unidade foi inaugurada em outubro, em homenagem ao Mês das Crianças, na Ocupação Terra Livre. A proposta é que essa "geladeira" seja alimentada com cultura, por meio de livros doados por diversas pessoas.


Foto: Engels França / Imagem Reprodução

"O Mãos Solidárias nasceu, em especial, durante a pandemia, como uma síntese dos diversos trabalhos dos movimentos do campo popular de muitos estados do Brasil. Ele tem raízes marcantes, especialmente em Pernambuco e no Paraná, além de uma ampla gama de iniciativas espalhadas pelo país. Nossa grande missão agora é ajudar a organizar a classe trabalhadora nas periferias urbanas. Estamos em um processo de nacionalização, construindo um método que fortaleça os vínculos com as comunidades das periferias das grandes cidades. Esse vínculo é construído estando junto ao povo, participando e protagonizando suas lutas", comenta Paulo Mansan, da Coordenação Nacional do Mãos Solidárias. 

Em essência, o Mãos Solidárias é o povo organizando o povo


Foto: Carla Batista / Imagem Reprodução

O projeto também grega as lutas sociais locais, como na Comunidade Santa Clara onde realizaram debate sobre o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), culminando com a distribuição de alimentos e um jantar preparado em parceria com as mulheres da comunidade.


Foto: Carla Batista / Imagem Reprodução

Além disso, o projeto conta com duas turmas do Agente Pop SUS, em Mari, um programa do Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz, que vem sendo realizado em 17 estados do Brasil, incluindo a Paraíba. Esse programa capacita agentes populares de saúde, reforçando o trabalho nas comunidades.


Reprodução / Imagem Reprodução

Outro destaque é a participação da brigada em cursos de trabalho urbano, realizados em conjunto com o Mãos Solidárias de Pernambuco. O último encontro aconteceu no final de novembro, trazendo reflexões e aprendizados importantes para as ações nas periferias urbanas.


Reprodução / Foto: Carla Batista - Comunicação MST/PB

Programa de Alfabetização

O programa Agentes Populares de Alfabetização nas Periferias Urbanas, uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade de Pernambuco, será lançado com o objetivo de combater o analfabetismo no Brasil. Com a criação de 75 turmas em João Pessoa e Região Metropolitana, o programa utilizará o sistema SIM, EU POSSO! para promover a alfabetização de jovens e adultos nas periferias urbanas. Na Paraíba, a iniciativa, que visa oferecer educação de qualidade a populações em situação de vulnerabilidade, terá início logo após o Carnaval. A missão do projeto é contribuir para a redução do analfabetismo e proporcionar melhores oportunidades de desenvolvimento para os participantes.

Campanha de Natal
 

Neste Natal, o Projeto Mãos Solidárias está organizando uma campanha de arrecadação de alimentos perecíveis e uma chave PIX, em parceria com o Projeto Saciar, para o lançamento de uma nova cozinha solidária. A proposta inclui realizar ceias natalinas em alguns territórios, cujo formato ainda está sendo definido. Mais informações serão divulgadas em breve na página oficial no Instagram.


Reprodução / Imagem Reprodução

Compromisso com a Transformação
 

"O Projeto Mãos Solidárias tem se consolidado na Grande João Pessoa com esse sentimento de se somar, de contribuir e de fortalecer as lutas locais para  melhorar a vida das pessoas, e que a gente consiga se distanciar essa disparidade que existe entre rico e pobre. Então, se o povo não se organiza, se o povo não se alimenta, o povo não se concientiza.  Nós nascemos com esse sentimento", conclui Débora.

Para acompanhar as agendas e ações do Projeto na Paraíba, acesse a página @maossolidariasparaiba

 


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Edição: Cida Alves