Paraíba

Coluna

Memória e arte indígena Potiguara: raízes, espiritualidade e renovação cultural

Daiane Silva Barbosa. - Foto: Arquivo pessoal.
A renovação da memória e da arte Potiguara resgata tradições e fortalece a identidade indígena

Por Daiane Silva Barbosa*

A memória dos povos indígenas é um pilar para a proteção de suas identidades. Entre o povo indígena da etnia Potiguara, localizado no litoral norte da Paraíba, manter viva a herança cultural que desafia o tempo e as adversidades históricas é um desafio. Essa memória se mostra ativa nos "troncos velhos", que são, nada mais nada menos, os anciões, portadores da ancestralidade. Eles carregam consigo histórias, ensinamentos, crenças e a sabedoria de quem viveu em uma época em que a palavra valia mais do que o dinheiro. Esses ensinamentos, transmitidos de geração em geração, frequentemente se manifestam na arte indígena. 

A arte indígena é feita de memória: essa memória ancestral está presente em cada peça, canto, dança e em todas as formas de expressão artística na terra Potiguara. Entre essas expressões, destaca-se o artesanato, como a produção de brincos, colares, pulseiras e adornos. Esses objetos, além de sua beleza, carregam narrativas, histórias de luta e conexões com a espiritualidade. A pintura corporal, por exemplo, representa muito mais do que um enfeite para a pele. Ela é uma forma de comunicação com a ancestralidade, e cada grafismo possui um simbolismo que vai da coletividade à espiritualidade. 

Nos últimos anos, há uma luta constante dos movimentos culturais em busca de oportunidades. O povo Potiguara tem se fortalecido e conquistado cada vez mais visibilidade em suas manifestações artísticas, seja por meio de feiras, exposições ou festivais indígenas. Observa-se também a crescente presença de jovens indígenas nesses espaços, o que demonstra a renovação da memória e da arte Potiguara. Um exemplo dessa renovação é o resgate da memória e do uso do cocar de palha de carnaúba, que por muito tempo foi esquecido na cultura Potiguara. 


Cocar de palha de carnaúba. / Arquivo pessoal.

Um jovem indígena chamado Aguynaiary Pontes Pessoa Gomes, carinhosamente conhecido como “Guiga”, trouxe de volta esse saber que estava perdido. Atualmente, essa herança está presente nos eventos e, principalmente, nos rituais do Toré Potiguara. Sabe-se que essa tradição será transmitida às próximas gerações, com cada criança usando o cocar com orgulho. 

: A memória étnica também é direito humano: o Toré Potiguara como símbolo de (re)existência :

Reconhecer e valorizar a arte indígena é um ato de resistência e reparação histórica. Compreender que cada cidadão tem o dever de lutar por políticas públicas que protejam essas memórias é essencial para garantir que essas vozes atravessem séculos e continuem a ecoar, reafirmando sua importância na cultura brasileira. 

*Daiane Silva Barbosa é indígena da etnia Potiguara, graduanda em Secretariado Executivo Bilíngue pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e artista visual (@_daiarts).

**A opinião contida neste texto não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Paraíba.

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Edição: Carolina Ferreira