Perda para Hezbollah

Presidência do Líbano nomeia juiz da CIJ, Nawaf Salam, como primeiro-ministro

Presidente apoiado pelos EUA indicou magistrado no lugar de Nayib Mikati, apoiado pelo Hezbollah

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Candidatura de Salam foi apoiada por forças políticas contrárias ao Hezbollah - NICK GAMMON/AFP

O presidente do Líbano, Joseph Aoun, nomeou nesta segunda-feira (13) Nawaf Salam, o juiz que preside a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, como primeiro-ministro do país.

"O presidente da República convocou o juiz Nawaf Salam para pedir que ele forme um governo”, informou a Presidência libanesa. O magistrado encontra-se atualmente no exterior, mas "está previsto que retorne" ao país na próxima terça-feira (14). 

A candidatura de Salam, de 71 anos, foi apoiada por forças políticas contrárias ao Hezbollah, que manteve intensos ataques contra Israel até o último 27 de novembro, quando foi acordado um cessar-fogo que ainda precisa ser implementado

Agora, Salam deve enfrentar desafios significativos, como a implementação de reformas econômicas para atender às demandas de doadores internacionais. Ele também precisará reconstruir amplas áreas do território destruídas pelos ataques israelenses.

Votação dividida

No Parlamento do Líbano, que conta com 128 deputados, 78 apoiaram a candidatura de Salam. Nove votaram no primeiro-ministro interino em fim de mandato, que governava o país até então, Nayib Mikati, enquanto outros 19, incluindo membros do Hezbollah, decidiram não apoiar nenhum candidato.

Os partidários de Salam o veem como uma figura imparcial, capaz de conduzir as reformas necessárias ao país. Já Mikati é considerado por seus oponentes como influenciado pelo Hezbollah.

O parlamentar George Adwan, do partido cristão Forças Libanesas, afirmou que é hora de o Hezbollah focar no "trabalho político". "A era das armas chegou ao fim", insistiu, ao declarar apoio a Salam.

Segundo o acordo de cessar-fogo com Israel, o grupo de resistência deve retirar suas forças para o norte do rio Litani, que delimita a região sul do país. Também precisa desmantelar suas infraestruturas militares no sul do Líbano, um bastião do grupo por décadas, para facilitar a mobilização do Exército libanês e das forças de paz da Organização das Nações Unidas.

Por sua vez, a capa do jornal Al Akhbar, próximo ao Hezbollah, desta segunda, afirmou que a candidatura de Salam representa um "golpe de Estado total dos Estados Unidos", após Washington apoiar Aoun para a Presidência.

O próprio nome de Aoun como presidente do Líbano foi determinado na última quinta-feira (9). Comandante-chefe do Exército libanês, foi eleito presidente da República do Líbano com o apoio dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, após mais de dois anos de vacância no cargo devido a divisões políticas, em um contexto de grave crise econômica.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito