Na manhã desta segunda (27), as negociações entre motoristas de ônibus de João Pessoa e os empresários não avançaram. Os motoristas entraram em greve porque reivindicam o aumento de 15% de reajuste salarial, enquanto os empresários propuseram um reajuste de 5%. Nesta segunda (27), o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), durante a conciliação, na Justiça do Trabalho, manteve a proposta de 5% do reajuste dos salários, que foi rejeitada pelos motoristas.
Durante a negociação, o SIndicato dos Motoristas sugeriu a proposta de um aumento salarial de 6%, vale-alimentação no valor de R$ 570 e um adicional de R$ 150 para motoristas que também exercem a função de cobrador, mas o Sintur-JP recusou essa proposta. Diante desta situação, os Motoristas decidiram continuar a greve, que a princípio segue até esta quarta (29), onde nova rodada de conciliação deve acontecer, foi o que informou o presidente da Central Única dos Trabalhadores e Trabalahadoras da Paraíba (CUT-PB), Tião Santos.
A CUT-PB tem acompanhado as negociações da greve dos motoristas e publicou uma nota de repúdio contra as declarações do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena(PP), que pediu a prisão do presidente do sindicatos dos motoristas, Ronne Nunes.
A determinação da Justiça do Trabalho de que 60% da frota dos ônibus circulem durante a paralisação, continua valendo.
Confira a nota da CUT, na íntegra, a seguir:
NOTA DE REPÚDIO
A Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB) manifesta sua indignação e repúdio às declarações do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que, de forma autoritária e desrespeitosa, solicitou a prisão do presidente do Sindicato dos Motoristas, Ronne Nunes, durante uma legítima mobilização da categoria. A greve dos motoristas de ônibus de João Pessoa é resultado da ausência de um acordo justo e da proposta insuficiente apresentada pelos empresários do setor, que ofereceram um reajuste salarial de apenas 3%, enquanto a categoria reivindica 15%, valor condizente com a defasagem salarial e o aumento do custo de vida. Além disso, os motoristas lutam por melhores condições de trabalho, que são essenciais para garantir um transporte público de qualidade para a população.
O direito à greve é uma conquista histórica da classe trabalhadora, assegurada pela Constituição Federal de 1988, que garante o direito à organização, à mobilização e à luta por condições dignas de trabalho e salários justos. Atacar a liderança sindical com pedidos de prisão é uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais e sindicalistas, configurando um retrocesso inadmissível em nossa democracia. As declarações do prefeito, que acusam o sindicato de “politicagem” e promovem a narrativa de que a greve é um ato irresponsável, ignoram a realidade enfrentada pelos trabalhadores, que diariamente sofrem com a precarização de suas condições laborais e salários insuficientes. Vale ressaltar que a presença do presidente do sindicato no Conselho Municipal de Transporte não invalida o direito da categoria de lutar por melhores condições, especialmente diante de uma proposta patronal que desrespeita suas legítimas reivindicações. A CUT-PB reafirma seu apoio incondicional à luta dos motoristas e repudia qualquer tentativa de intimidação por parte do poder público ou do empresariado. Não aceitaremos que a criminalização de lideranças sindicais seja utilizada como ferramenta para silenciar os trabalhadores e enfraquecer suas lutas.
Por fim, reiteramos a necessidade de diálogo efetivo e responsável, que respeite o papel do movimento sindical e conduza a um acordo que valorize a dignidade dos trabalhadores e atenda aos interesses da sociedade. Exigimos que o prefeito de João Pessoa recolha suas declarações infundadas, respeite os direitos constitucionais dos motoristas e contribua para a construção de soluções justas e democráticas. A CUT-PB está ao lado dos trabalhadores! Sem luta, não há conquista!
João Pessoa, 27 de janeiro de 2025
Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB)
Edição: Heloisa de Sousa