No mês em que se comemora o centenário de Elizabeth Teixeira, um dos maiores nomes da luta camponesa no Brasil, a produtora paraibana Carambola Filmes inicia a produção do longa-metragem Quem é Elizabeth?, sobre a vida da “mulher marcada para viver”. Em fase de roteirização, o filme vai levar para o cinema a trajetória de um símbolo de resistência que completa 100 anos no próximo dia 13 de fevereiro.
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É bom lembrar que depois do emblemático Cabra Marcado para Morrer, que trata do assassinato do líder João Pedro Teixeira, e de A Família de Elizabeth, que faz um reencontro da então viúva de João Pedro com os filhos – ambas obras do documentarista Eduardo Coutinho – este será o primeiro longa totalmente dedicado a Elizabeth.
De Sapé, interior paraibano onde surgiram as Ligas Camponesas (que chegaram a chamar atenção internacional), a história de Elizabeth tomou rumos que ela jamais imaginaria. Trazer tantas memórias à tona é contribuir para a história que precisa ser vista e contada, sobretudo num país que necessita saber de suas verdades.
“Realizar uma cinebiografia de uma personagem como Elizabeth Teixeira é um convite a mergulhar na história das lutas sociais brasileiras e um desafio excitante, principalmente, porque o tema é muito latente ainda no Brasil. Sabemos que temos uma história de grande potencial dramático e, ao mesmo tempo, poética e apaixonante sob vários aspectos”, afirmou Drica Soares, produtora executiva da Carambola Filmes.
A ideia de levar a vida de Elizabeth para o cinema nasceu há quase dez anos, quando a jornalista Kátia Dumont, trabalhando numa emissora local, entrevistou Elizabeth. Depois da entrevista, ela não teve dúvida: muita gente precisava conhecer a vida daquela lutadora.
“Falar de Elizabeth é falar de uma vida atravessada pela violência no campo e a violência do Estado. Violência que a afetou profundamente e a toda sua família”, afirma Kátia, roteirista e pesquisadora do longa.
Elizabeth Teixeira. / Foto: Kátia Dumont.
O projeto terá como diretora Inês Figueiró, que tem ampla atuação no cinema brasileiro. Ela é codiretora da série Travessia, do CineBrasil TV, e está como uma das roteiristas do premiado “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé. Nesses mais de 15 anos como roteirista, ela se debruça sobre a corajosa trajetória da líder paraibana.
“É fundamental levar ao público a história das nossas heroínas, das mulheres corajosas que mostram a força da voz e da ação feminina na sociedade brasileira. Elizabeth é uma dessas grandes mulheres e é uma honra poder estar nesse projeto”, afirmou.
O longa “Quem é Elizabeth?” pretende responder à pergunta do título. Elizabeth não só assumiu a luta no campo quando João Pedro Teixeira foi assassinado, como viu sua vida completamente transformada com a chegada da Ditadura Militar em 1964. Ameaçada de morte, precisou fugir. E, por 17 anos, viveu na clandestinidade no interior do Rio Grande do Norte, na companhia de dois dos seus 12 filhos.
Na casa onde mora, em João Pessoa, comprada por Eduardo Coutinho com a bilheteria de “Cabra Marcado para Morrer”, Elizabeth mantém o olhar de coragem e o sorriso de esperança. Quando ouve a palavra “luta”, aos 99 anos, sustenta: “É preciso que a luta continue, que tenha reforma agrária para que o povo tenha seu pedaço de terra para plantar, colher e cuidar de sua família, de seus filhinhos”. É emocionante.
O filme é uma produção da Carambola Filmes e foi contemplado no edital federal Ruth de Souza 2023, cujos recursos são do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), voltado a obras dirigidas por mulheres cis ou transgênero estreantes e apresentadas por meio de produtoras brasileiras independentes.
Além da seleção no edital Ruth de Souza, o projeto da cinebiografia de Elizabeth Teixeira foi selecionado para outros ambientes de desenvolvimento e ampliação. Entre eles, o Laboratório de Desenvolvimento de Projetos Audiovisuais (W.R_LAB): Módulo Longa-Metragem, da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e Prefeitura Municipal de João Pessoa, em 2020, e da Mentoria em Roteiro “Paradiso Multiplica”, em 2022, uma parceria do II W.R_Lab e do Projeto Paradiso.
*Colaboradora do BdF-PB
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Edição: Carolina Ferreira